Em entrevista de uma hora, major Álvaro Martinelli elenca problemas e opina sobre a atual sensação de insegurança
Prestes a completar um ano no comando do 3º Batalhão de Policiamento de Áreas Turísticas (3º BPAT), o major Álvaro Martinelli parece incansável. Enquanto muitos se conformam com os conhecidos problemas da segurança pública gaúcha, o ex-comandante do Batalhão de Operações Especiais (BOE) de Passo Fundo procura que a indignação da maioria se transforme em reação. Para o major, é inadmissível que 95% da população de Bento Gonçalves seja refém de 0,5%.
Jornal Semanário: Como o senhor percebe este número de 0,5%?
Major Álvaro Martinelli: Este número é a prova material que a sociedade ainda pode ter jeito, que podemos ter um futuro melhor. Este é o exemplo de Bento Gonçalves, em que apenas 0,5% da população está envolvida com os mais diversos tipos de crimes, que está a margem da sociedade. Este cenário pode proporcionalmente estendido para outros municípios, estados e para o Brasil. Esta proporção varia muito pouco. Até que ponto iremos suportar? Continuaremos passivamente a ser vítimas, ser assaltados e ter nossos bens subtraídos por estes indivíduos?
JS: São sempre os mesmos bandidos?
Martinelli: O que a gente observa é a reincidência. Um indivíduo tem três, cinco, sete prisões em um período de um ano. Estas são situações em que ele foi flagrado. E quando ele não foi? Quantos crimes a mais são? Esta é uma cifra oculta. A característica de Bento Gonçalves é um mesmo indivíduo perpetrando uma série de ações. Um delinquente que praticou uma série de crimes e, mesmo quando é preso em flagrante, a legislação permite que responda em liberdade. Não está na hora de nós, estes 99,5%, nos mobilizarmos para mudar este cenário?
JS: Esta questão da reincidência está tão óbvia assim?
Martinelli: Já perdi as contas de quantas pessoas já prendi na minha carreira. Porém, até hoje, não tive a oportunidade de prender ninguém que tenha cometido um crime só. São mais de 20 anos de serviço de rua, mas nunca prendi um indivíduo que nos antecedentes criminais não aparecesse nada. Será que sou eu que não tenho sorte? Prender alguém que “pisou na bola” quatro vezes em 15 dias? Vamos passar a mão da cabeça dele até quando? Até matar alguém?este sá
Leia a entrevista completa na edição impressa do Jornal Semanário deste sábado, 23 de janeiro.
Jornal Semanário
Com um só PM, major desabafa sobre assalto na Serra: “Não tem condições de fazer frente a uma quadrilha dessas”
Crime teve como alvo agência do Banco do Brasil em Monte Belo do Sul
A quadrilha que atacou uma agência do Banco do Brasil, na tarde de hoje, em Monte Belo do Sul, na Serra, é composta por quatro criminosos, suspeita a Brigada Militar. O grupo quebrou a porta para acessar o banco e fugiu levando a gerente, liberada em seguida. O comandante do policiamento em Bento Gonçalves admitiu não ter como evitar esse tipo de crime. A cidade dispõe de só um policial militar, que está de folga porque perdeu o pai. “Nosso policial do cotidiano, do atendimento de ocorrências de menor potencial ofensivo não tem condição de fazer frente a uma quadrilha dessas”, lamentou Alvaro Martinelli. O major fala que os criminosos agem em grupos, utilizando, inclusive, armas de guerra nos ataques.
Martinelli destacou que a BM trabalha fazendo um “consórcio entre municípios” com poucos policias, para poder atender à necessidade de policiamento na região. Na Serra, por exemplo, o brigadiano de Santa Tereza também atende em Monte Belo do Sul. Os municípios estão distantes um do outro em quase 15km.
Sobre o assalto, o comandante disse que o carro utilizado pela quadrilha ainda não foi abandonado na região. A policia da Serra mantém as buscas, falando com moradores da zona rural e fazendo barreiras na tentativa de encontrar indícios que levem ao grupo. A quadrilha levou dinheiro, mas a quantia não foi divulgada. A ação no banco durou cerca de três minutos, disse o oficial. Ele destacou que os criminosos tiveram acesso aos caixas e ao cofre.
Assaltada agência bancária de cidade da Serra com um só PM, e de folga
Gerente do Banco do Brasil foi levada como refém, mas liberada
Uma agência do Banco do Brasil foi assaltada, na tarde de hoje, em Monte Belo do Sul, na Serra. O criminosos renderam a gerente, que foi levada como refém durante a fuga, mas já liberada no interior do município, na localidade de Linha Armênio. De acordo com uma fonte da segurança que preferiu não ser identificada, o único policial militar do município, havia perdido o pai e não foi trabalhar hoje. Já a PM que era lotada na cidade foi transferida para outro município, a fim de fazer atividades administrativas, pelo fato de estar grávida. Não há informações sobre a quantia levada pela quadrilha.