Indicador elaborado por ZH e PUCRS mostra leve recuo do Rio Grande do Sul em razão do impacto da falta de segurança. No país, Estado permanece na quarta posição do ranking
Desenvolvido em parceria por Zero Hora e Faculdade de Administração, Contabilidade e Economia da PUCRS, com apoio institucional da Celulose Riograndense, o indicador pondera o desempenho de Estados e do Distrito Federal em três dimensões: padrão de vida, educação e, reunidos, longevidade e segurança. O índice tem o mesmo referencial teórico do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) – lançado em 1990 como complemento a levantamentos que avaliam apenas a dimensão econômica do desenvolvimento.
– Os índices de desenvolvimento servem para sinalizar o que vai bem e o que vai mal. No caso do iRS de 2014, o ponto negativo foi a violência, que aumentou. Dados de educação e padrão de vida mantiveram certa estabilidade. O índice cumpre seu papel ao promover o debate sobre essas dimensões – afirma o economista Ely José de Mattos, professor da PUCRS e coordenador do iRS.
Clique na imagem abaixo e confira os dados completos do levantamento do iRS:
Em 2014, ano dos dados mais recentes disponíveis, o Rio Grande do Sul seguiu no pelotão de elite no país, com pontuação de 0,672 – atrás apenas de São Paulo, Distrito Federal e Santa Catarina, mas perdeu qualidade de vida em relação a 2013, quando havia alcançado 0,675. A principal causa foi a queda na dimensão que leva em conta a segurança dos cidadãos, com recuo de 4,1% em comparação ao ano anterior. É a maior redução anual do Estado em toda a série histórica do índice. Com o resultado, o Rio Grande do Sul permanece em terceiro lugar na categoria “longevidade e segurança”, depois de ocupar a segunda posição durante oito anos e ser ultrapassado por Santa Catarina em 2013.
Foi o avanço expressivo de 17,1% no número de homicídios de gaúchos entre um ano e outro o principal entrave a um melhor desempenho. O aumento de assassinatos, muito maior do que o observado na média brasileira (5,1%) ou em Estados como São Paulo (1,2%) e Distrito Federal (0,7%) no mesmo período, impediu o Rio Grande do Sul de avançar na classificação.
– Os números comprovam que se trata de um ano violento. Para a ONU (Organizações das Nações Unidas), seria uma região epidêmica, no que diz respeito aos assassinatos, com índice bem maior que o nível tolerável de 10 assassinatos para cada 100 mil habitantes – diz Aline Kerber, especialista em segurança pública e cidadania.
A taxa de homicídios atingiu 24,2 por 100 mil habitantes, quase o dobro de Santa Catarina (12,8), apesar de a violência também ter aumentado no Estado vizinho.
– O ano já marcava uma ascensão da criminalidade, em especial na Região Metropolitana, com pelo menos a metade dos crimes relacionados a disputas do tráfico ou acertos de contas – diz Eduardo Pazinato, coordenador do Núcleo de Segurança Cidadã, da Faculdade de Direito de Santa Maria.
O recuo da nota final do Rio Grande do Sul só não foi maior porque o Estado conseguiu reduzir, muito ligeiramente, o número de mortes violentas no trânsito em 2014, de 19 para 18,8 por 100 mil habitantes. No mesmo período, a taxa saltou de 25,9 para 28 em Santa Catarina, e a média brasileira cresceu de 21,6 para 22,1.
A melhora mais visível no Rio Grande do Sul ocorreu na variável padrão de vida, que mede o bem-estar relacionado ao conforto das pessoas. O Estado subiu de 0,636 para 0,647 e manteve o quinto lugar entre as unidades da federação. No que se refere à educação, houve poucas alterações no índice. A maioria dos Estados manteve a posição. Entre os mais bem colocados, Distrito Federal caiu do quarto para o quinto lugar, perdendo a posição para Minas Gerais. O RS se manteve em sétimo.
O que é
O iRS é um índice de desenvolvimento dos Estados, criado a partir de parceria entre ZH e PUCRS.
Por que um indicador?
Não havia um índice reconhecido no país especificamente para avaliar os Estados. O iRS é o primeiro com proposta de atualização anual.
O que o diferencia
Transparência
Os dados usados são oficiais e de fácil acesso. Qualquer um pode conferi-los, os números vêm de fontes confiáveis.
Fácil compreensão
Alguns índices têm tantas variáveis que fica difícil entendê-los. O iRS tem uma fórmula simplificada. Além disso, foi elaborado para ser compreendido intuitivamente.
Foco na vida real
A meta é traduzir a realidade de quem vive no Estado. A exemplo do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o foco é nas pessoas, não nas instituições e no poder público.
A escala
Para obter resultado comparável entre os Estados, foi criada uma escala de 0 a 1, baseada em patamares mínimos aceitáveis e metas de desenvolvimento. Mais perto de 1, mais próximo da meta. Mais próximo de 0, mais distante.
O que é IDH?
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) surgiu nos anos 1990 como alternativa a indicadores focados na dimensão econômica do desenvolvimento. No Brasil, é estimado para Estados e municípios com dados do censo, a cada 10 anos. O mais recente foi lançado no início deste ano, com base em 2010.
iRS x IDH
Apesar de ser composto em variáveis diferentes, o iRS apresenta resultados semelhantes aos do último IDH para os Estados. Em ambos os índices, São Paulo, Distrito Federal, Santa Catarina e Rio Grande do Sul disputam as primeiras posições do ranking. Alagoas detém a pior situação.
Como é avaliado o desempenho em cada área
Padrão de vida
Renda é o parâmetro. Mede a qualidade de vida das pessoas no que se refere aos bens materiais. Para isso, usa como critério quanto cada pessoa ganha por mês.
Fonte: Rais
A Relação Anual de Informações Sociais é uma base de dados do Ministério do Trabalho que informa quanto ganham os trabalhadores formais (com carteira assinada) no Brasil. As informações partem das empresas e estão disponíveis em portal.met.gov.br/rais.
As variáveis: renda média do trabalhador, distribuição de renda e ocupação formal.
Qualidade do aprendizado
Os indicadores adotados são desempenho dos alunos nas séries iniciais e grau de distorção entre a idade ideal e efetiva do Ensino Médio.
Fonte: Inep
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), ligado ao Ministério da Educação, realiza a Prova Brasil. Os dados estão disponíveis em portal.inep.gov.br.
As variáveis: média padronizada em português e matemática da Prova Brasil no 4º ano, mostrando o quanto os jovens estão atrasados em relação à idade ideal para cursar cada nível.
Expectativa de vida e violência
Mede a expectativa de vida e o grau de violência ao qual as pessoas estão expostas.
Fonte: Datasus
O Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (SUS) é o órgão do Ministério da Saúde responsável por publicar dados relacionados ao sistema, de estatística epidemiológicas a números de mortalidade. Os dados estão disponíveis em datasus.gov.br.
As variáveis: índice de mortalidade infantil, taxa de homicídios e mortalidade no transporte (trânsito).