Preso em 2011, quando foi acusado de ser uma das lideranas da greve dos bombeiros no Rio, o cabo Benevenuto Daciolo, 38, surpreendeu o proprio partido, o PSOL. Ele foi um dos tres eleitos para formar a bancada para a Camara Federal. Os outros foram os parlamentares Chico Alencar e Jean Wyllis.
Dos 22 presos naquela ocasio, cinco se candidataram a cargos legislativos e apenas Daciolo se elegeu. Obteve 49.831 votos.
“Fiz uma campanha em que os gastos no chegaram a R$ 30 mil. Sem os milhões de empresários ou construtoras. Fiz uma campanha falando com bombeiros, com policiais militares em cada canto deste Estado. E eles entenderam nossas propostas e demonstraram confiança em nossa luta. Realmente, a vitoria sobrenatural”, disse Daciolo.
O deputado eleito diz que pretende, em seu mandato, tratar da qualificação dos profissionais de segurança publica, como também dos servidores da Educação. “Os policiais e bombeiros do Rio no podem ter os piores salários do pais. Isso precisa ser revisto, junto com a qualificação de todos. Podemos pensar em profissionais com o terceiro grau”, explica o cabo bombeiro.
Deputado estadual mais votado do pais com pouco mais de 350 mil votos, Marcelo Freixo (PSOL) destaca que a liderança de Daciolo surgiu na greve dos bombeiros e se consolidou com o tempo. Freixo considera que essa eleio deve consolidar o esprito de bancada, tanto no ambito federal como no estadual.
“Sabia que ele seria bem votado, mas no tinhamos a perspectiva de qual seria o tamanho. Afinal, ele veio forte e ficou frente de outros nomes do partido. Mostramos o perfil da campanha do partido e as urnas deram o recado de que entenderam a nossa forma de campanha e de financiamento politico. Essa sim a nova politica. No apenas tratando de alianças, mas de doações”, disse o deputado estadual.
Todas as doações de Freixo foram de pessoas fisicas. Não houve empresas entre as doadoras de campanha. “Meus gastos atingiram R$ 195 mil. Isso significa 55 centavos por voto. Desafio outos candidatos fazer o mesmo calculo”, disse.