Policiais que choraram em Santa Maria são transferidas de função

17618415Comando diz que fato é normal. PM’s e familiares falam em represália

Uma semana depois de protagonizarem uma cena que escancarou a pressão sofrida pelos policiais com o parcelamento dos salários dos servidores por parte do governo do Estado, pelo menos três das cinco policiais que choraram ao serem barradas por familiares quando tentavam sair para fazer o policiamento no desfile de 7 de Setembro, em Santa Maria, foram transferidas de função dentro da própria unidade, o 1º Regimento de Polícia Montada (1º RPMon). Ao todo, 15 policiais teriam sido trocados de esquadrões a partir do último dia 15.

Conforme policiais que pediram para não ser identificados, as transferências foram comunicadas no último dia 15. Familiares de brigadianos também procuraram a reportagem para relatar os casos.

– Estão fazendo uma caça às bruxas. Militares trocaram de função, do setor administrativo estão indo para a rua. Sanções, punições, inclusive para quem tirou atestado no período dos protestos. Meu sentimento é de medo por eles – diz uma pessoa que tem dois familiares policiais, mas que não quer se identificar por medo de represálias.

As policiais que aparecem na foto trabalhariam em seções administrativas e, agora, estão fazendo policiamento ostensivo na rua. Uma delas foi flagrada nesta segunda-feira pela reportagem fazendo patrulhamento em via pública.

O comandante do 1º RPMon, tenente-coronel Gedeon Pinto da Silva, confirma que houve transferências, que é uma prática comum dentro da unidades, porém, ele nega veementemente que seja alguma forma de represália pelo fato de os PMs terem protestado recentemente.

– Isso sempre ocorre (transferências) para, justamente, conseguir colocar mais gente na rua, enxugar mais o efetivo interno, para ter melhores condições de colocar na rua e fazer uma reciclagem. Elas (policiais que choraram) faziam atividade administrativa e passaram a fazer uma atividade operacional – explica o comandante.

Por outro lado, Gedeon afirma que pode ser que as policiais não sejam empregadas no policiamento ostensivo, pois depende da decisão de cada comandante de esquadrão. Sobre o estado psicológico das policiais, o comandante diz que elas recebem acompanhamento do Hospital da Brigada Militar e, caso elas não se sintam bem, devem comunicar e pedir atestado.

Para o diretor regional da Associação Beneficente Antonio Mendes Filho (Abamf), que representa os servidores de nível médio da Brigada Militar, João Corrêa, as movimentações são de praxe e não representam uma retaliação:

– Talvez haja essa especulação (de retaliação), mas de forma concreta, nada chegou. Essas transferências internas são previstas. Não podemos fazer alarde. Não podemos jogar contra nós mesmos, isso é previsto, é normal.

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