Ao entender que faz parte do jogo político-administrativo, de há muito, não obstante a tentativa da beleza plástica, não me impressionam como sinônimo de eficiência operacional as paradas públicas da Brigada Militar para o lançamento de operações que se repetem todos anos, como a Operação Papai Noel e a Operação Golfinho. Visualizo aqui da minha torre, atrás dos coturnos lustrados, das batidas de calcanhares, das continências garbosas, das viaturas recém-lavadas, das fardas impecáveis e, muito especialmente, dos discursos guerreiros o cenário oculto do efetivo em queda livre, dos remanejamentos alquímicos, dos baixos salários com a ameaça de atrasos em paralelo com tarefas redobradas, a assistência psicológica da tropa zerada, as comunicações plenas de ruídos, o armamento decadente, os alojamentos carentes, as mordomias para viajados amigos do rei e o temor de providenciar no chamamento da FNS (Força Nacional da Segurança) que é entendido como uma forma de capitulação. Nesta alegoria, saiam da posição de sentido e sigam-me.
Emergencial
Escrevi ontem, como um humilde marquês, sobre o aparato do lançamento da Operação Papai Noel e apontei que se tratava, claramente, de medida emergencial para cobrir apenas trechos da Capital. Menos de doze horas após tal lançamento, entre outros acontecimentos de menor repercussão foram incendiados cinco ônibus e uma lotação na Zona Sul da Capital, além de uma revolta na PEJ (Penitenciária Estadual do Jacuí). Desabou a Operação Papai Noel e um novo plano emergencial passou a ser elaborado apressadamente sob a pressão da sociedade e da bandidagem. Desabou também a chamada oxigenação a tropa brigadiana com a recente troca de comandantes de unidades. Mas o governo, ao perder batalhas, não perde a pose e reafirma confiança na cúpula pasta da Segurança e descarta o pedido de socorro a FNS.
Pronta resposta
Ontem, o secretário estadual da Segurança Pública, Wantuir Jacini, chegou a admitir, pela manhã, para a mídia, a possibilidade da requisição da FNS, mas ao final da tarde a ideia foi descartada numa evidência da fragilidade da política traçada para a segurança pública gaúcha, na hipótese de que tal traçado exista. Sobre a nomeação de novos policiais, o secretário lembrou que falta dinheiro e que 2.100 policiais militares vão deixar a corporação somente em 2015 pela aposentadoria. Notícia antiga e repetida a guisa de justificativa para o que não está sendo feito. O secretário destacou em suas explicações a chamada pronta resposta dada pela Brigada, ainda durante a madrugada de quarta-feira, às ações da bandidagem. Mas ocorre que a polícia ostensiva-preventiva tem sido obrigada, pela plenitude da falta de recursos, apenas a reagir diante de fatos consumados, o que não é destaque no discurso do governo através de Jacini.
Explosivos
Na madrugada desta quarta-feira, criminosos utilizaram explosivos para abrir caixas eletrônicos do Bradesco instalados dentro do prédio da prefeitura de Santo Antônio da Patrulha, Litoral Norte do Estado. A ação ocorreu por volta das 2h no prédio localizado no bairro Cidade Alta. Os equipamentos ficaram totalmente destruídos.
Execução
Um homem foi executado a tiros, durante a madrugada de ontem, na esquina da avenida Assis Brasil com a rua Engenheiro Frederico Dame, bairro Sarandi, Zona Norte de Porto Alegre. A vítima vestia bermuda, camiseta e tênis e usava um boné.
JORNAL O SUL