Quando o governo, por estar mal assessorado ou por não se deixar assessorar, expõe para a sociedade a fragilidade da máquina da segurança pública, igualmente o faz para o crime organizado e para os bandidos que agem isoladamente. Isto pode ser admitido como uma atitude de transparência. No entanto, quando esta transparência chega ao ponto de revelar que só daqui a um ano, ou que sejam seis meses, será possível iniciar, repito, iniciar, uma tentativa de recuperação, então o significado é de capitulação. E esta capitulação administrativa inevitavelmente assusta o cidadão comum, contamina aos profissionais que estão na linha de frente do combate a criminalidade e faz crescer na bandidagem os ataques aos flancos abertos com a certeza da impunidade. Estamos chegando ao ponto em que dentro de nossas casas nos sentimos inseguros. Começam a acontecer com maior incidência os ataques a sítios, a residências. Tiros são disparados a esmo, sem alvo específico. O objetivo é acuar a sociedade. E a resposta para isto é prometida para daqui a seis meses, quando não há sequer a coragem de deslocar para o policiamento o batalhão de policiais em desvio de função.
Festa trágica
O caso das duas pessoas que morreram durante um tiroteio na noite de domingo no bairro Jardim Carvalho, na Zona Leste de Porto Alegre, mostra com todas as tintas o clima de insegurança que é sentido no RS e que tem seus picos na Capital e Região Metropolitana. O caso ocorreu na rua Comendador Eduardo Seco. Segundo a Brigada Militar, três homens desceram de um veículo próximo a uma roda de samba e atiraram contra pessoas que participavam da confraternização. As vítimas fatais foram identificadas como Cesar Henrique Ferreira Rousselet, 37 anos, e Mônica Pinto Soares, 19 anos. Outras quatro pessoas foram feridas. Para a Brigada Militar, houve um confronto entre gangues rivais, mas não se sabe se as vítimas eram mesmo o alvo dos bandidos.
Residência assaltada (1)
Seis homens armados assaltaram um apartamento na avenida José Bonifácio, junto ao Parque da Redenção, bairro Farroupilha, na manhã dessa segunda-feira. Os criminosos tinham a chave da entrada do prédio e renderam a funcionária da limpeza ao chegarem ao sexto andar. Eles forçaram a faxineira a bater na porta de dois apartamentos para que as vítimas não desconfiassem do assalto. O grupo conseguiu entrar num apartamento e levaram celulares e dinheiro.
Residência assaltada (2)
As vítimas de um assalto nessa segunda-feira em Santa Tereza, Serra gaúcha, ficaram por três horas amarradas em sua própria casa. O casal e a filha foram baleados. Antonio Girotto, 65 anos, foi atingido num braço e tem um corte profundo na testa. A mulher dele, Navelina Girotto, com 60 anos, levou cinco tiros. Uma das filhas do casal, Kátia Girotto, 29, foi atingida no ombro e a bala alojou-se no pulmão.
Começo de semana
Na madrugada dessa segunda-feira, Porto Alegre registrou três homicídios. Os crimes ocorreram nas zonas Leste e Norte. Na avenida dos Gaúchos, bairro Sarandi, dois homens mataram a tiros Adriano Carvalho Guedes, 23 anos. Os pistoleiros chegaram ao local em uma motocicleta e invadiram uma casa. A vítima tinha antecedentes criminais por tráfico de drogas. Após esta execução, na avenida dos Prazeres, bairro Vila Jardim, Matheus Júlio Vargas, 18 anos, foi encontrado morto com diversos tiros na cabeça. O último assassinato aconteceu no bairro Jardim Carvalho, Zona Leste, quando um homem foi morto a tiros na rua Aristides Rosa.
Interior
Um homem de 51 anos, identificado como Paulo Júnior da Costa Soares, foi morto a tiros na madrugada dessa segunda-feira na Região Sul de Santa Maria. Este é o primeiro assassinato registrado este ano no município. Testemunhas apontaram o nome de um suspeito de ser o autor do crime. Ainda no começo da madrugada de segunda-feira, Jeferson Gomes da Silva foi morto a tiros em Candelária, no Vale do Rio Pardo. A vítima foi encontrada no pátio de uma residência da rua Nestor da Silveira e morreu a caminho do hospital.
Cúpula brigadiana
Com a iminente e irreversível aposentadoria do coronel Paulo Moacyr Stocker dos Santos, subcomandante-geral da Brigada Militar, que é aviador, nos bastidores da corporação começam a aparecer os nomes cotados para o remanejamento da cúpula da milícia gaúcha, que tem no comando-geral o coronel Alfeu Freitas Moreira. Por ora, despontam o coronel Andreis Sílvio Dal’lago, para o subcomando, e o tenente-coronel Júlio César Rocha, que aguarda promoção a coronel, para a chefia do Estado Maior. Rocha está atualmente no gabinete da SSP (Secretaria da Segurança Pública). Nas naturais disputas pelos postos é notável a importância do sempre consultado coronel João Carlos Trindade Lopes, coloradíssimo ex-comandante-geral da corporação e que, mesmo na reserva, continua como uma das lideranças no colégio dos coronéis.
JORNAL O SUL