Venda de estatais entra na pauta da Assembleia Legislativa do RS
Tema considerado como um dos mais delicados em ano eleitoral, a privatização passou a integrar, nesta semana, os discursos de aliados do governador José Ivo Sartori (PMDB). A defesa aberta da redução do papel do Estado foi feita por deputados da base em entrevistas e na tribuna da Assembleia. Eles argumentam que a venda de estatais resolveria problemas de caixa do Estado, além de tornar os serviços mais eficientes sob a administração da iniciativa privada.
Elevado à condição de líder do PMDB por ser um dos mais fieis defensores da gestão Sartori, Gabriel Souza foi um dos primeiros a levantar a bandeira na tribuna. “Todos nós queremos investir em segurança pública, mas só faremos isso diminuindo o tamanho do Estado, privatizando empresas sem função prioritária, como Cesa (Companhia Estadual de Silos e Armazéns), Corag (Companhia Rio-grandense de Artes Gráficas) e FDRH (Fundação para Desenvolvimento de Recursos Humanos)”, argumentou.
A iniciativa foi seguida por Marcel van Hatten (PP). “A oposição, defensora do Estado gordo, inchado, precisa ter coerência e escolher entre mais investimentos em segurança pública ou manter elefantes brancos. Parem de desprezar a iniciativa privada”, discursou van Hatten para o plenário, referindo-se à venda de estatais. Também integrante da bancada do PP, Sérgio Turra foi mais enfático. “Tem que fazer, e que seja logo, antes das eleições para que o debate não seja contaminado”, defendeu Turra.
Um pouco mais cauteloso, o veterano Ibsen Pinheiro admite que o tema é delicado, mas qualifica a privatização como uma necessidade, parte do “remédio amargo” para a crise. “Temos que suprimir o exagero do plebiscito, com exceção de áreas estratégicas, como energia (CEEE), água (Corsan) e o Banrisul”, definiu.
Oposição se prepara para embate
Integrantes de partidos de oposição fazem ressalvas e críticas sobre a privatização de capital público. Alguns aliados, membros de siglas com origens trabalhistas, também. “Defendemos a racionalização da máquina do Estado, mas temos reservas. Eficiência está na boa gestão, seja pública ou privada”, pondera o líder da bancada do PDT, Eduardo Loureiro, que integra a base.
Vice-líder do PTB, Luís Augusto Lara também considera relevante a discussão sobre o papel do Estado. “Mas tem que ser uma discussão profunda, sem urgência como ocorreu com projetos recentes do governo. Se for algo apressado, parecerá mais uma negociata do que uma reestruturação do Estado”, ressalva, indicando a postura crítica que os petebistas podem adotar. Hoje, o PTB não está na base, nem na oposição.
Os oposicionistas vão combater qualquer proposta de privatização. “Não é solução. Já foi feito antes e só deixou ônus para a população”, critica o deputado Tarcísio Zimmermann (PT). Juliano Roso (PCdoB) é mais contundente. “É a volta do britismo”, questiona, referindo-se ao ex-governador Antônio Brito (PMDB). “A extinção da Fundergs foi só um ensaio para a pretensão que Sartori tem de vender áreas estratégicas para o desenvolvimento do Estado e interessantes para empresários. Isso é inegociável.
CORREIO DO POVO