Percival Puggina
Vivemos sob permanente sensação de insegurança. Somos cidadãos desarmados por força da ideologia que nos governa. Nós, as vítimas, sabemos que existem bandidos demais soltos, mas o governo que obedece a essa ideologia proclama que temos presos em excesso. Com a lei permitindo ou não, libertam-se cotidianamente bandidos que deveriam estar presos. Todos aqueles que nos escalam como suas presas e troféus, têm extensa ficha criminal, totalmente inútil. Andam soltos, armados e estão mais livres e seguros do que nós. O crime a que se dedicam é negócio altamente rentável e de baixo risco. Se não há guerra entre gangues, as baixas ocorrem apenas do nosso lado. Totalmente assimétrico! Mas a ideologia que nos governa está nem aí. Não se constroem presídios, não se preservam os efetivos policiais, não se dotam as polícias dos recursos técnicos e financeiros necessários para enfrentar essa guerra. Para a ideologia que nos governa, a insegurança serve esplendidamente à luta de classes pelas duas pontas, como sintoma e como consequência.
Nesse contexto, se inscreve o episódio do tiroteio ocorrido defronte ao Hospital Cristo Redentor em Porto Alegre. As cenas gravadas em vídeo mostram o quanto os PMs estiveram expostos à morte, trocando tiros contra equipamento mais pesado em espaço aberto, ziguezagueando para escapar dos disparos. E cumprindo até o fim o seu dever. Não há sangue frio num tiroteio desses.
Os quatro mortos foram os azarados do dia 22. O comum é que nada lhes aconteça. O “normal” é que encerrem suas jornadas de trabalho contabilizando bons lucros. É a alta rentabilidade com baixíssimo risco que estimula os criminosos a optarem por esse modo de ganhar a vida. Os quatro do dia 22 a perderam.
A criminalidade já não surpreende ninguém. O que continua surpreendendo são os jornalistas defensores de bandidos, instalados no conforto das redações, protegidos por segurança privada, longe das balas, sempre prontos para criticar as ações policiais perante o mais tênue sinal que possa ser interpretado como demasia, como se excessivo não fosse um bandido sacar da arma e disparar contra a autoridade policial. Os valorosos brigadianos que estavam na cena diante do Hospital Cristo Redentor nos representam e nos defendem. Atacá-los é atacar-nos. Seja com as armas de fogo, seja com as armas da palavra, escrita ou falada. Receberão da Corporação as medalhas de reconhecimento que a sociedade já lhes presta.
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