Medida decorre de aumento com os gastos da folha e queda de receita
Mesmo com a renegociação da dívida do Estado junto a União já acertada de forma coletiva e referendada pelo governador José Ivo Sartori, a Secretaria da Fazenda vai voltar a parcelar os salários do funcionalismo, pela sexta vez consecutiva. Essa é a sinalização interna que circula na Pasta. O atraso do Congresso Nacional em votar a aprovação da renegociação, que isenta até o fim do anos as parcelas mensais pagas ao governo federal, não é visto como problema, já que esses valores não estão sendo quitados, mas o principal empecilho é a dificuldade em recuperar o fôlego da Receita diante da continuidade da crise econômica – estadual e nacional.
Só para se ter uma ideia, no mês passado, foram recolhidos quase R$ 100 milhões a menos. Os números ficaram abaixo da expectativa de técnicos da Fazenda e confirmaram a queda contínua de receita. Enquanto isso, os custos com a folha crescem. A última somou uma despesa de R$ 1,4 bilhão. O governo já está pagando o aumento para servidores da Segurança e os gastos devem aumentar com a contratação de mais pessoal, a partir do mês que vem.
Ainda que um novo atraso já seja cogitado nos corredores da Fazenda, não há uma estimativa da quantidade de parcelas e nem qual o valor da primeira quantia a ser depositada. As informações só devem ser confirmadas a partir do próximo dia 24, quando entrarão os últimos tributos debitados para a Receita.
A fórmula de atrasar salário no serviço público, uma das últimas trincheiras da estabilidade profissional no Brasil, não é uma exclusividade do Rio Grande do Sul. Mais de uma dezena de unidades da Federação já recorreu a esse mecanismo e o cenário não deve mudar se a crise persistir.