Porto Alegre em quinto lugar entre as capitais em casos de latrocínios
O 10º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, que será lançado hoje, mostra Porto Alegre em uma incômoda posição.
Porto Alegre é a quinta capital do país em que mais morreram pessoas em assaltos (empatada com Cuiabá e Aracaju) e a primeira colocada fora dos eixos Norte e Nordeste. A cidade subiu sete posições no indesejado ranking de 2014 para 2015, com a elevação de 1,7 para 2,4 roubos com morte para cada grupo de 100 mil habitantes. A taxa subiu 40% de um ano para o outro.
Em relação aos homicídios em que há intenção de matar, a capital manteve a décima posição de um ano para o outro, com uma variação de 2,9% em sua taxa. Porém, 43,7 crimes deste tipo para cada 100 mil habitantes, em 2015, representam mais do que o dobro do Rio de Janeiro (18,5) e praticamente cinco vezes mais do que o de São Paulo (8,8).
Os números constam do 10º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, que será divulgado hoje pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Na opinião do diretor-presidente da ong, Renato Sérgio de Lima, os dados relativos a Porto Alegre, ¿seguindo uma tendência estadual, revelam uma grande tragédia¿.
— Na verdade, o Rio Grande do Sul teve em 2015 um descontrole dos índices de violência como um todo, muito puxado pelos casos de latrocínios. Faz muito sentido o grande medo que a população tem em relação à violência. Percebi isso na semana passada, quando estive em Porto Alegre — disse.
Sem contar 2016
É importante ressaltar que os números são de 2015. Ou seja, não incluem os casos de Cristine Fagundes, 44 anos, a mãe assassinada por um assaltante na frente da filha adolescente, quando esperava o filho sair do colégio. Do soldado Igor Peixoto Dias, 18 anoos, morto quando retirava o casaco para entregá-lo a um ladrão. Da universitária Sara Votto Tótaro, 22 anos, executada na frente dos pais, e de outras 25 vítimas de criminosos, durante assaltos em 2016, na Capital. Até 27 de outubro, em 2015 eram 17 casos.
Porto Alegre, nesse sentido, andou na contramão se comparada a outras capitais há pouco tempo consideradas bem mais violentas. O Rio de Janeiro, por exemplo, teve uma variação negativa de 14% em sua taxa de latrocínios, entre um ano e outro. Em São Paulo, a queda foi ainda maior: 19,2%.
— Os estados que conseguiram redução são os que adotaram programas de priorização de combate a homicídios e mortes letais. Os que tiveram aumento são os que não têm programas de integração operacional em seu sistema jurídico criminal, que incluem as polícias, o Ministério Público e o Judiciário — avaliou o presidente.
Pior do que a Síria
Em relação ao país, os números do 10º Anuário mostram que, em 2015, a cada nove minutos, uma pessoa foi assassinada, o que equivale a cerca de 160 mortos por dia.
Numa comparação com um país em guerra, a Síria, de março de 2011 a novembro de 2015 teve 256,12 mil mortes violentas intencionais, enquanto que no Brasil foram 278, 83 mil no mesmo período.