Dois meses depois da chegada da Força Nacional de Segurança a Porto Alegre, um dos principais objetivos do reforço de 136 agentes nas ruas ainda não foi alcançado. No começo da manhã de terça-feira, com a morte do taxista Jéferson Luiz Braga da Rosa, 33 anos, na Zona Norte, a cidade chegou ao 30º latrocínio (roubo com morte) do ano. E mantém, mesmo com o reforço de policiais, a média de um crime deste tipo a cada 10 dias neste ano. No mesmo período de 2015, 17 pessoas haviam sido mortas em assaltos, com média de um latrocínio a cada 18 dias. Significa aumento de 76,4% desse crime em um ano.
Desde 30 de agosto, quando a Força Nacional iniciou seu trabalho na Capital, aconteceram cinco latrocínios na cidade. No mesmo período do ano passado, foram três roubos com morte.
– Ainda não conseguimos frear os latrocínios, mas não vamos mudar a estratégia do policiamento. Tenho convicção de que a tendência é de queda – afirma o comandante do policiamento da Capital, coronel Mario Ikeda.
O que dá convicção ao oficial é a queda gradual nos indicadores de roubos de veículos, que até o final de agosto eram a principal dor de cabeça do policiamento. Entre janeiro e agosto, a metade dos assaltos com morte originaram-se nesse tipo de crime. Entre as cinco vítimas de roubos nos dois meses de atuação da Força Nacional, um caso foi resultado da tentativa de o veículo ser levado por bandidos.
OPERAÇÃO PERMITIU REDUÇÃO DE ROUBOS
Conforme a Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos, do Departamento Estadual de Investigação Criminal, entre janeiro e outubro, houve redução de 14% nos roubos de carros na Capital em relação ao mesmo período do ano passado. Conforme o delegado Adriano Nonnenmacher, a queda começou em abril, pouco mais de dois meses depois de iniciada a Operação Avante.
– Não foi resultado imediato, mas fruto de ação gradual da BM em conjunto com a Polícia Civil para coibir os roubos. A Operação Avante teve início no final de janeiro, e os resultados começaram a aparecer no começo do segundo semestre. Em breve, veremos o resultado da ação reforçada pela Força Nacional – exemplifica Ikeda.
POR DIA, EM PORTO ALEGRE, 17 CARROS SÃO ROUBADOS
Considerando só os meses de setembro e outubro, quando a Força Nacional iniciou a sua atuação, aconteceram 1.067 roubos de veículos na cidade – 17 casos por dia, índice 46,5% inferior aos 1.995 roubos – 33 casos por dia – nos mesmos meses do ano passado.
– Atuamos em três frentes: combate a quadrilhas, prisões pontuais e a operação contra desmanches. É um caminho importante para frearmos os latrocínios, mas é preciso que os responsáveis continuem presos – afirma o delegado Adriano Nonnenmacher.
Na terça-feira, o Ministério da Justiça confirmou que Porto Alegre seguirá com o reforço por tempo indeterminado. E o desafio, será travar os demais roubos. Enquanto diminuíram os casos de latrocínios por assaltos de veículos, foi justamente nos últimos dois meses que aconteceram os dois casos de taxistas mortos em crimes na Capital.