CORREIO DO POVO: O HOMEM QUE SALVOU MAIS DE MIL VIDAS

LIÇÃO DE VIDA

Veterano do mar não perdeu vidas na praia

“ Mar não é piscina.

Paulo Roberto Barrin Joaquim sargento e salva-vidas

Ex-pescador zela pela vidados banhistas de Imbé Sul. Lotado na guarita 127, evitou mais de mil mortes

S com Paulo Roberto ão mais de mil salvamentos e nenhuma morte no currículo. Este é o maior orgulho do sargento Paulo Roberto Barrin Joaquim, 51 anos, simplesmente o salva-vidas mais velho em atividade no Litoral Norte. Ele fica de prontidão na guarita 127, na praia de Imbé Sul, e está na atividade desde 1983. Natural de Tramandaí, começou a vida como pescador. Mas, aos 18 anos, inspirado no que fazia o irmão mais velho, Adão, fez concurso para ingressar na corporação. Sabendo nadar desde sempre, encontrara a sua razão de viver. Já são 34 anos salvando banhistas – quando não está na Operação Golfinho, serve no 25? Batalhão da Polícia Militar, em de São Leopoldo, mas mora na vizinha Novo Hamburgo. Separado, cria dois dos cinco filhos de dois casamentos: uma jovem de 18 anos e um menino de 9 anos. Sargento Barrin, como é conhecido, não se recorda mais do primeiro salvamento que fez, na longínqua década de 1980. “O que me lembro é que em meu primeiro dia de trabalho, estava com o coração na boca, de tanto nervosismo. E tinha tanto a aprender”, conta. Mas neste 2017, já evitou que dez banhistas morressem afogados nas traiçoeiras águas do mar. Barrin diz que as pessoas ficam em situação de risco por imprudência e por excesso de confiança. “Quando se dão conta, estão se afogando”, ressalta. Seu salvamento mais difícil, recorda, envolveu uma mulher, que desmaiou depois de, em desespero, tentar segurar a sua camisa. O salva-vidas diz fazer o trabalho por gostar. Tanto que nem todos que salva agradecem. “Muitas pessoas simplesmente viram as costas e vão embora. Talvez de vergonha”, deduz. Barrin afirma, ainda, que muitos do que são salvos acabam sendo xingados por outros banhistas. “Quem está na beira da praia e vê um salvamento, às vezes, não perdoa aquela pessoa que quase se afogou. E partem para o xingamento”, lembra. Ele costuma dar conselhos aos banhistas. “Pedimos para que fiquem na beira, pois mar não é piscina. Também alertamos para que permaneçam próximos às guaritas. A distância entre uma e outra é de quase um quilômetro, e imagina termos de sair correndo para salvar alguém? Felizmente nunca alguém morreu nas minhas mãos”, comemora. Adepto das tatuagens, não vê sentido na polêmica sobre o uso por policiais militares. “Não é uma tatuagem que vai mudar o caráter da pessoa. Fiz as minhas há cinco ou seis anos. E não deixei de ter boa índole”, encerra. A cada veraneio ele reencontra amigos conquistados no ano anterior e faz outros para rever no próximo verão.

 

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