Por: LUIZA GOULART
Dois dias antes da cirurgia, o sargento da Brigada Militar de Rio Pardo, Marco Antônio da Silva Teixeira, recebeu a notícia de que o Instituto de Previdência do Estado do Rio Grande do Sul (IPE-RS) não custearia mais a parte do procedimento que caberia ao plano de saúde. Teixeira foi diagnosticado com um tipo raro de câncer, chamado pseudomixona peritonial e, desde então, recebe o apoio de familiares e amigos para seguir com o tratamento.
A cirurgia, avaliada em R$ 230 mil, foi cancelada nesta quarta-feira, 23. Marco começou a se preparar para o procedimento dez dias antes, quando passou a tomar os suplementos necessários – que custam R$ 980. Com a notícia, a única alternativa que resta é apelar por um processo na Justiça. Mas, ainda assim, o tempo é curto para uma doença tão silenciosa e rara, com um caso para cada 1 milhão de pessoas.
A cobertura do IPE já não iria incluir anestesias e outros materiais necessários, como a máquina especial para a quimioterapia e medicação, que é importada. Por isso, familiares e amigos de Marco começaram uma campanha há cerca de um mês para custear os materiais, que chegam a R$ 50 mil. O procedimento seria realizado no Hospital Santa Rita, no Complexo da Santa Casa, em Porto Alegre.
Conforme a professora Cláudia Corrêa Siqueira, esposa de Teixeira, a preparação para a cirurgia corria bem. “A gente estava certo de que nesta quinta-feira ele estaria baixando para fazer a cirurgia na sexta”, explicou. Conforme Cláudia, Teixeira colaborou com o IPE por quase 40 anos. “Era um homem de uma saúde de ferro. Praticamente nunca usou o plano”, afirmou.
No ofício em que o procedimento foi indeferido, o IPE afirmou que a cirurgia não consta na Tabela de Honorários Profissionais (THP). Também cita que os materiais necessários – justamente os que seriam custeados através da campanha – não constam na Tabela de Órteses, Próteses e Materiais Especiais (TOPMED).
Com a negativa, não há data para a cirurgia. A família entrará em um processo na Justiça para suspender a decisão, com a advogada Sônia Cruz, de Rio Pardo. “Esse tempo está angustiando, está deixando o Marco bastante apreensivo. O tempo não é uma coisa que a gente tenha para brincar. É a saúde, tempo é vida nessa situação”, finalizou.
A cirurgia
A peritonioscopia com quimioterapia intradérmica é a única alternativa para a doença de Teixeira. É uma cirurgia complexa. Apenas dois hospitais a realizam no Rio Grande do Sul, o Moinhos de Vento e o Santa Rita, no Complexo Santa Casa. O procedimento pode durar até 24 horas, já que toda a cavidade abdominal deve ser aberta e limpa, o tumor removido e ressecado. A equipe da cirurgia deve ter quatro cirurgiões oncologistas, dois anestesistas, dois oncologistas clínicos, fisioterapeuta e nutricionista, além de um grande grupo de enfermagem preparado.
Para ajudar
As doações podem ser realizadas em um tópico no site de vaquinhas online. Também estão disponíveis contas bancárias no Banco do Brasil (agência 0304-2; conta 17230-8), Banrisul (agência 0338; conta 35.105819.0-8) e Sicredi (agência 0156; conta 73403-9). No Facebook, uma página foi criada para divulgar a campanha. Neste domingo, 27, será feita uma festa no Clube Taquari com a participação de várias bandas locais. O evento começa às 18 horas e segue até as 23 horas.