Marco Antônio da Silva Teixeira foi diagnosticado com a doença em julho. IPE desmarcou procedimento dois dias antes da realização
Quase dois meses após ter a cirurgia cancelada, o sargento da Brigada Militar de Rio Pardo, Marco Antônio da Silva Teixeira, ainda aguarda por uma nova data para o procedimento. A situação, até o momento, segue parada e sem muitas novidades. Nos últimos dias, a doença de Teixeira progrediu. Com a demora para o agendamento, os médicos passaram a fazer planos para conter o tumor.
Teixeira foi diagnosticado em julho com um tipo de câncer raro. Para enfrentar a doença, é necessário fazer uma cirurgia avaliada em R$ 230 mil. O procedimento seria custeado, em partes, pelo Instituto de Previdência do Estado do Rio Grande do Sul (IPE-RS). No entanto, dois dias antes da cirurgia, Marco Antônio recebeu a notícia de que ela não aconteceria.
O único caminho que restou para a família foi apelar para a Justiça. Conforme a esposa de Teixeira, a professora Cláudia Corrêa Siqueira, o caso foi enviado ao Conselho Médico da Justiça. O próprio Conselho Federal de Medicina se mostrou favorável ao procedimento, e, ainda assim, o IPE não deu resposta. Diante das incertezas, os médicos fizeram novos exames, os quais demonstraram o avanço da doença.
Para conter a doença, a equipe médica optou pela internação e por fazer uma quimioterapia especial a fim de manter o tumor encapsulado. Mas, para isso, também é necessária a autorização do IPE. Durante a internação, Teixeira deve passar por quimioterapias, reforços pulmonares e uso de suplementos. “A grande determinação da equipe é conter a doença e segurar esse tumor”, explicou Cláudia.
Os médicos também não descartam a possibilidade de fazer uma cirurgia menor para retirar um pouco da mucina produzida pelo tumor. Conforme Cláudia, Marco segue sem sintomas da doença. “Se tiver algum sintoma, será muito grave”, comentou. O sentimento que surge é de revolta. “O pensamento que não me deixa é que já bastava a doença. Algo dentro de mim, em alguns momentos, parece que se parte. Um desencanto com a coisa pública me invade.”
Justificativa
Ao indefirir o procedimento, o IPE afirmou que a cirurgia não consta na Tabela de Honorários Profissionais (THP). Além disso, no ofício, cita que os materiais necessários, os que seriam custeados através da campanha, não constam na Tabela de Órteses, Próteses e Materiais Especiais (TOPMED).
Campanha
O caso de Marco ganhou repercussão nas redes sociais após uma campanha feita pela família. Como o IPE só custearia parte do procedimento, seria necessário adquirir anestesias e uma máquina especial para a quimioterapia e medicação, que é importada. A campanha teve início em julho. Até o momento, já foram arrecadados R$ 47 mil.
Para ajudar, doações podem ser realizadas em um tópico no site de vaquinhas online. Também estão disponíveis contas bancárias no Banco do Brasil (agência 0304-2; conta 17230-8), Banrisul (agência 0338; conta 35.105819.0-8) e Sicredi (agência 0156; conta 73403-9). No Facebook, uma página foi criada para divulgar a campanha.
A cirurgia
O câncer, chamado pseudomixoma peritoneal, é silencioso e raro, com um caso para cada 1 milhão de pessoas. A cirurgia aconteceria no Hospital Santa Rita, no Complexo da Santa Casa, em Porto Alegre. Chamada peritonioscopia com quimioterapia intradérmica, o procedimento é a única alternativa para curar a doença. O Hospital Santa Rita é um dos dois hospitais a fazerem o procedimento no Rio Grande do Sul.
Toda a cavidade abdominal precisa ser aberta e limpa, o tumor removido e ressecado. Para isso, são necessários quatro cirurgiões oncologistas, dois anestesistas, dois oncologistas clínicos, fisioterapeuta e nutricionista, além de um grande grupo de enfermagem preparado. O procedimento pode durar até 24 horas.