Brigada Militar comemora 180 anos neste sábado

No aniversário da entidade, quem fez parte dessa história não esconde o orgulho

Com orgulho, tenente Almeida exibe a farda que guardou após 23 anos atuando como brigadiano
Com orgulho, tenente Almeida exibe a farda que guardou após 23 anos atuando como brigadiano Foto: Rodrigo Assmann

É com um sorriso no rosto que o policial militar Carlos José Machado de Almeida, de 48 anos, na reserva desde dezembro do ano passado, mostra o que guardou de lembrança dos anos em que trabalhou como brigadiano. A farda usada em eventos, o quepe, os certificados, a espada com os nomes da esposa e da filha mais velha gravados – o caçula não tinha nascido ainda – são só alguns dos itens que ilustram uma carreira dedicada a proteger o cidadão. Neste sábado, quando a Brigada Militar completa 180 anos, o tenente Almeida não esconde o orgulho de ter feito parte dessa história. “A gente trabalha com o coração”, garante.

A escolha de se tornar policial militar surgiu da vontade de ter estabilidade. Depois de quase cinco anos no Exército, a área da segurança pública o atraía. Após ouvir a opinião de alguns colegas que já tinham feito o mesmo caminho, ele resolveu fazer o concurso para a BM e passou. Em 1993, tornou-se policial militar. “Eu me encontrei na Brigada. Virou uma paixão. Esse é o diferencial do policial militar: é um vício.”

Começou em Cruz Alta, fez o curso de sargento em Santa Maria, passou por Porto Alegre, onde tornou-se tenente, e escolheu Santa Cruz como seu lar. “Sempre passava pela entrada da cidade. Via os trevos floridos e isso me chamava atenção. Busquei informação e me disseram que era uma boa cidade. Na hora de escolher, não tive dúvidas.” Em agosto de 2003, o policial militar se apresentou no município.

Depois de 23 anos na função, nada emociona mais o tenente do que falar dos colegas, especialmente daqueles que perdeu durante o trabalho. “Eu estava na viatura com o capitão Sebastião, na noite em que ele veio a falecer na ocorrência da Proforte. Foi uma perda”, relembra, já às lágrimas. Ele refere-se a André Sebastião Santos dos Santos, atingido por um tiro de fuzil durante um ataque à empresa de valores realizado em 2006 pelo bando do candelariense Seco. “Eu desci do carro um pouco antes da chamada. Foi muito triste.”

E como todas as profissões, a de brigadiano também tem desafios. O principal, para o tenente, é conseguir tomar a decisão correta em uma fração de segundo. “Se você efetuar um disparo e for considerado um erro, perde toda essa estabilidade e ainda pode parar na cadeia.” Para não errar, ele entende que é preciso se preparar antes de atender a uma ocorrência. “Você vai planejando como proceder. É uma função, de certa forma, antipática. Ninguém gosta de ser cobrado.”

O policial da reserva entende as dificuldades hoje enfrentadas pelos profissionais e pela própria corporação. No entanto, a alegria e a responsabilidade de vestir a farda superam qualquer adversidade. “É um dom que a gente tem.” E ele já transmite a paixão pela profissão à filha, que não descarta seguir os seus passos.

Depois de tanto tempo como brigadiano, ele vê a evolução no trabalho. “Quando entrei, tínhamos poucas viaturas, não tinha nem rádio portátil. Carregávamos fichas de orelhão para poder ligar. As armas, nós pegávamos no quartel e depois devolvíamos.” Na reserva, conta que ainda sonha com as operações e acorda no susto, achando que está atrasado para o trabalho. “A gente sente falta, né?” Toda a população sente, tenente Almeida.

 

Rolar para cima