Parole, parole parole. Não tinha plano, não tinha nada, Sartori mentiu

 

Os quatros anos do governo Sartori, sem soluções para os problemas do estado, apenas elegendo culpados, que no caso os culpados da crise, segundo seu governo eram o servidores públicos, especificamente os da Segurança Pública, porque receberam aumento, como declarou o seu secretário da Segurança Cesar Schirmer e seu secretário da fazenda em entrevista a Rádio Gaúcha no mês passado. Isto já seria o suficiente para sabermos que seu governo foi um grande BLEFE, porém hoje se alguém tinha alguma dúvida de que campanha “O GRINGO TA CERTO” foi um grande engodo eleitoral, a verdade venho a tona, a través da coluna de Rosane de Oliveira deste sábado em ZH. 

Sartori blefou sobre plano de recuperação fiscal

Integrantes do governo estadual sabiam que o acordo com o governo federal só iria adiante com a privatização do Banrisul

Toda vez que repetia nos debates, entrevistas e propagandas de rádio e TV, em setembro e outubro, que tinha um plano para tirar o Rio Grande do Sul da crise e que esse caminho era a adesão ao regime de recuperação fiscal, o governador José Ivo Sartori estava blefando. Como descobriu a repórter Juliana Bublitz, desde 4 de setembro ele, o vice-governador José Paulo Cairoli e todos os participantes das negociações com o governo federal sabiam que o plano só iria adiante com a privatização do Banrisul, hipótese rechaçada por motivos políticos e pragmáticos. 

O motivo político era a certeza de que falar em vender o Banrisul é perder votos. Desde 1998, quando Olívio Dutra (PT) derrotou o então governador Antônio Britto fazendo do Banrisul o seu cavalo de batalha, o banco dos gaúchos transformou-se numa espécie de vaca sagrada. Olívio dizia que Britto planejava vender o Banrisul – e era verdade. Seria uma forma de reduzir o percentual de comprometimento da receita liquida com o pagamento da divida renegociada com a União, fixado em 13% sem a venda do banco. Isso não era dito na campanha de Britto, mas estava no acordo, como revelou anos depois o ex-ministro José Serra.

Olívio não vendeu o banco e “nem um parafuso”, como gosta de dizer, mas passou quatro anos penando para manter os salários em dia. Cobriu o déficit com recursos do caixa único e a privatização do Banrisul virou tabu pelos 20 anos seguintes. Com o agravamento da crise financeira nos Estados, o governo Temer criou o regime de recuperação fiscal, mas condicionou o socorro ao oferecimento de garantias equivalentes ao valor que se deixa de pagar à União em três anos.

O Rio de Janeiro ofereceu a Cedae, equivalente da Corsan, e aderiu ao regime. O Rio Grande do Sul, amarrado pela exigência constitucional de só vender ou federalizar estatais com a concordância da população em plebiscito, ofereceu a CEEE, a CRM e a Sulgás, mas sem qualquer garantia de que conseguiria vendê-las. Fracassou na tentativa de tirar da Constituição a exigência do plebiscito e não obteve autorização legislativa para realizar a consulta.

Eduardo Leite fez campanha defendendo a privatização de estatais, mas sempre ressalvando que Banrisul e Corsan estavam fora. Dizia que gostaria de renegociar o acordo em outras bases, mas não conhecia os termos da negociação. Eleito, pediu ao Ministério da Fazenda para ver a minuta do acordo prévio que Sartori dizia estar pronto para ser assinado e soube que o documento não passava de uma carta de intenções, sem valor legal. A fragilidade do rascunho e a exigência de incluir o Banrisul no rol de garantias foram confirmadas pelo ministro Eliseu Padilha antes da entrevista em que a secretária-executiva do Ministério da Fazenda, Ana Paula Vescovi, reduziu as ilusões a pó.

E agora, futuro governador? Agora a bola volta ao centro do gramado. As regras, que já eram duras, devem ficar e ainda mais rigorosas com o ultraliberal Paulo Guedes no Ministério da Economia. O Estado não tem outros ativos capazes de substituir o Banrisul. Leite corre o risco de, logo no início do governo, ver derrubada a liminar que mantém suspenso o pagamento da dívida e ter de acrescentar mais R$ 300 milhões por mês à longa lista de despesas que não cabem na receita.

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