Dois policiais militares foram vitimados quando exerciam sua profissão na gélida noite de quarta-feira na zona leste de Porto Alegre
GAUCHAZH
Num Brasil com múltiplas forças de segurança (federal, civil, guardas municipais, polícia parlamentar), cabe à Polícia Militar a mais perigosa tarefa, o enfrentamento cotidiano dos criminosos que atuam com violência. Policiais civis e federais também atuam na repressão a esses crimes, mas de forma planejada e, via de regra, posterior aos fatos. Pensam, projetam e agem de surpresa contra as quadrilhas.
Já o PM (brigadiano, em linguagem do Rio Grande do Sul) é o guardião das ruas, o combatente nas pequenas escaramuças diárias. Justamente as mais mortíferas, porque ocorrem de supetão, no calor de um flagrante. Foi o que aconteceu na fria noite de quarta-feira (26) num beco da Vila Maria da Conceição, a popular Maria Degolada, nos morros que circundam o bairro Partenon. Dois soldados do 19º BPM encontraram a morte ao deparar com um grupo de traficantes, que exercia ali sua atividade: suprir os vícios alheios, a conta-gotas.
Os criminosos atuam nesse varejo por dinheiro. Já os policiais, justiça lhes seja feita, dificilmente agem só pelo salário. Exercem aquelas profissões que o sujeito costuma abraçar quando é atingido por pitadas de aventura, idealismo e senso de justiça. Exagero meu? Não creio. Com curso universitário, alguém pode atuar em vários ramos na área criminal, sem precisar ser policial. O recém-formado poder ter uma vida mais segura e rotineira se optar por olhar processos, fazer a defesa de acusados de delitos (mesmo quando criminosos profissionais), trabalhar atrás de uma escrivaninha esmiuçando inquéritos, analisar a melhor maneira de acusar um suspeito ou se achar capaz de julgar a conduta dos outros. Quando decide ser policial é porque o cidadão agrega a outras características uma, fundamental para atuar nas ruas: o destemor.
A quem uma pessoa agredida ou acossada num assalto recorre? Ao policial. E, além de perseguir, muitas vezes os PMs socorrem vítimas, impedem confusões e até fazem trabalhos de parto improvisados em viaturas, como muitas vezes noticiamos. É por isso que, antes de mais nada, de qualquer precipitação em analisar aspectos técnicos da abordagem, é preciso lamentar a morte em confronto desses policiais, numa gélida noite de uma Porto nem tão Alegre assim.