Criminalidade diminui no Rio Grande do Sul durante pandemia

Crimes como homicídio e feminicídio, no entanto, tiveram elevação no primeiro quadrimestre deste ano

A atividade permanente das instituições da área da segurança pública e o distanciamento social devido à pandemia do novo coronavírus foram responsáveis pelos novos recordes na redução de indicadores de criminalidade no Rio Grande do Sul. A avaliação é do vice-governador e secretário da Secretaria da Segurança Pública do Estado, Ranolfo Vieira Júnior, que divulgou na manhã desta quinta-feira, em live no Facebook, os índices de abril e o comparativo com o mesmo mês no ano passado, além de dados desde janeiro deste ano.

“Não temos dúvida que o isolamento social contribuiu para uma redução mais acentuada em abril, mas as forças de segurança permanecem atuantes nas 24 horas nas ruas. Os agentes de segurança pública, ao lado dos agentes de saúde, estão presentes em qualquer momento”, enfatizou.

Ranolfo Vieira Júnior destacou a diminuição dos crimes patrimoniais, que qualificou de “queda vertiginosa”, entre abril de 2020 para o mesmo período de 2019 no Rio Grande do Sul. Ele citou a redução de 21,3% nos roubos de veículos (de 1.011 para 796 casos), 36,7% nos furtos de veículos (de 1.134 para 718 ocorrências), 56,4% nos roubos (com 5.836 para 2.544 casos), 51,8% nos furtos (com 10.137 para 4.891 ocorrências), 36% ataques a comércio (de 727 para 465 casos) e 54,3% no roubo a transporte coletivo (de 184 para 84 ocorrências).

“Os latrocínios, um dos crimes mais graves, apresentaram estabilidade em abril”, disse, apontando oito casos tanto em 2019 como em 2020. Os latrocínios entre janeiro e abril deste ano tiveram uma redução de 24,1%, ficando em 22 contra 29 do mesmo período ano passado.

O vice-governador e secretário da segurança pública ressaltou ainda que os ataques a bancos tiveram uma redução de 90% em abril neste mês de abril no comparativo ao mesmo período do ano passado, despencando de dez para uma única ocorrência. Já entre janeiro e abril deste ano a redução foi de 60,5% nesta prática criminosa, caindo de 38 para 15 casos. “É maior redução de toda a série histórica”, frisou. “Ao longo de 2019 já vinhamos com uma redução no tocante aos crimes patrimoniais e estamos conseguindo manter em 2020”, salientou. 

Homicídios

Sobre os homicídios, Ranolfo Vieira Júnior constatou “um pequeno aumento de 3,9% de crescimento no número de casos em abril, com 158, na comparação com mês igual no ano passado, que foi de 152. Ele atribui o fato à elevada soltura de detentos no período, dos quais 22 apenados foram mortos no mês passado, e ao impacto do distanciamento social no consumo de drogas.

Com mais criminosos soltos, maior a rivalidades entre grupos, abertura de disputas na hierarquia dos bandos e ataques encomendados para acerto de contas. “Não temos dúvida que o enxugamento do mercado do tráfico e a soltura de detentos acabou impactando no indicador de homicídio”, complementou. “Tivemos muitas apreensões de drogas e armas”, citou como contrapartida. No acumulado dos quatro meses iniciais de 2020, a queda foi de 8,4%, com 624 mortes, enquanto o quadrimestre de 2019 ficou em 681.

Femincídios

Ao analisar as ocorrências de feminicídio, o vice-governador e secretário da segurança pública lamentou que tenha registrado um aumento significativo de 71,4% casos entre janeiro e abril deste ano em relação ao mesmo período do ano passado, passando de 21 para 36 ocorrências.

Em abril o incremento foi de 66,7% das ocorrências em relação ao mesmo mês do ano passado, subindo de seis para dez casos. “Reforçamos a importância para que atos de violência contra mulheres sejam denunciados. Nenhuma das dez vítimas de feminicídio em abril havia feito registro de ocorrência anterior que possibilitasse a adoção de ações preventivas, como medidas protetivas de urgência”, apontou. 

Ranolfo Viera Júnior disse que o crescimento dos casos de feminicídios têm sido verificados desde o ano passado no RS. “Neste primeiro momento talvez o primeiro mês de distanciamento social não tenha relação direta com o aumento de feminicídio. Em janeiro e fevereiro deste ano, quando não estávamos na pandemia, foram os dois meses com grande avanço na prática criminosa”, diagnosticou. “Temos feito inúmeras ações nesta área. Vamos seguir muito forte para reduzir esse indicador. A conscientização da mulher é fundamental para buscar o apoio público e fazer o registro da ocorrência”, assegurou. 

Outros indicadores

Houve quedas de 3,8% nos estupros (de 549 para 528 casos) e de 20,9% nas tentativas de feminicídio (de 129 para 102 ocorrências) entre janeiro e abril deste ano com relação ao quadrimestre do ano passado. Somente em abril caíram 27,1% dos casos de estupros (de 107 para 78 casos), 51,4% nas tentativas de feminicídio (de 37 para 18 registros), 26,8% nas lesões corporais (de 1.719 para 1.259 casos) e 34,4% nas ameaças (de 3.085 para 2.026 ocorrências) no comparativo com o mesmo mês do ano passado.

Todas as tabelas com os indicadores de criminalidade podem ser acessadas no site da Secretaria da Segurança Pública do Estado.

Fonte: Correio do Povo

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