Abandono da História da Brigada Militar

Cemitério da Brigada Militar: Um Patrimônio Histórico Esquecido pelo Governo do Estado
Poucos conhecem, mas em meio às ruas tranquilas do Bairro Tristeza, na zona sul de Porto Alegre, está um dos espaços mais simbólicos da memória militar gaúcha: o Cemitério da Brigada Militar, localizado na Rua Liberal, nº 19. O local abriga os restos mortais de oficiais, praças e familiares que serviram à Corporação, muitos dos quais tombaram em combate ou em decorrência de ferimentos sofridos nas diversas campanhas em que o Estado do Rio Grande do Sul se envolveu.

Criado em 1914 por ato do então Presidente do Estado, Borges de Medeiros, o cemitério foi destinado à Brigada Militar como reconhecimento do valor e do sacrifício de seus membros. Entre os períodos históricos nos quais a Corporação teve papel de destaque, estão as Revoluções de 1923, 1930 e 1932, nas quais muitos brigadianos tombaram defendendo a ordem e os interesses do povo gaúcho.

No centro do cemitério há um monumento erguido em 1928 em homenagem aos mortos da Brigada. No fundo, uma pedra de granito de seis metros quadrados homenageia os tombados no cumprimento do dever, inaugurada no Sesquicentenário da Corporação, em 1987. Também ali está a placa alusiva ao primeiro Capelão da Brigada Militar, Padre João Petters, instalada em 2006 pela Legião Altiva.

No entanto, o que deveria ser espaço de reverência e memória está hoje entregue ao abandono. Imagens recentes revelam um cenário de descaso: mato alto, túmulos deteriorados, monumentos cobertos pela vegetação e ausência total de preservação. É a demonstração mais clara do desprezo com o qual o atual Governo do Estado trata o patrimônio da Brigada Militar.

Sob a gestão do governador Eduardo Leite, a negligência com a Corporação atinge não apenas os mortos, mas também os vivos. A política de sucateamento das estruturas institucionais da BM, a falta de valorização salarial, a estagnação de carreiras e o não cumprimento integral da Lei Federal nº 14.751/2023, que organiza a carreira dos militares estaduais, configuram um ciclo contínuo de desvalorização.

Permitir que o Cemitério da Brigada Militar esteja hoje em ruínas é mais do que um ato de omissão: é um desrespeito institucional com aqueles que deram suas vidas pelo Estado. O abandono da memória dos que tombaram reflete o tratamento dado também aos que hoje vestem a farda e continuam cumprindo seu dever mesmo diante da falta de reconhecimento do governo.

Diante deste cenário, é urgente que o Governo do Estado, o Comando-Geral da BM e a sociedade civil tomem providências. O Cemitério da Brigada Militar deve ser resgatado como espaço de honra e memória histórica, e não pode continuar sendo símbolo do abandono de uma instituição fundamental para a segurança e estabilidade do povo gaúcho.

Preservar esse espaço é também preservar a dignidade de toda uma Corporação.

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