São poucos os funcionários públicos que têm poupança para sacar enquanto o salário não vem. Com mais de 80% ganhando menos do que o auxílio-moradia de um juiz ou de um promotor, a maioria dos servidores do Executivo está endividada. São R$ 123 milhões por mês só de empréstimos consignados, sem contar o negativo do cheque especial, o cartão de crédito e a prestação da casa própria.
Diferentemente de julho, quando metade recebeu em dia, desta vez ninguém escapou. A sensação de injustiça se multiplica entre os que ganham menos por constatar que a miséria é privilégio do Executivo. O princípio de que todos são iguais perante a lei não vale neste caso: para não comprar briga com os outros poderes, o governador José Ivo Sartori optou por sacrificar apenas a massa que está sob o guarda-chuva do Executivo.
Assim como a Constituição garante autonomia aos poderes, não há lei que autorize o atraso. Se não há dinheiro para todos – e não há –, o mínimo que Sartori deveria fazer era socializar o prejuízo.
Legislativo, Judiciário, Ministério Público, Tribunal de Contas e Defensoria Pública estão pagando em dia não só os salários (direito de todos), mas os penduricalhos que elevam contracheques para além do teto de R$ 30,4 mil.
Sartori poderia ter ampliado o uso dos depósitos judiciais, mas optou por esticar a corda, temendo que a sensação de alívio enterrasse o projeto de aumento do ICMS. O preço da opção começará a ser conhecido nesta segunda-feira.
Por: Rosane de Oliveira
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Postado por Comunicação DEE ASSTBM