Agentes que atuam em investigação de homicídios ou em atividades de corregedoria participam de curso em Porto Alegre
Três agentes do Departamento de Polícia de Miami estão ministrando, em Porto Alegre, um curso para 43 policiais civis e militares que atuam em investigação de homicídios ou em atividades de corregedoria. Os servidores gaúchos estão recebendo aperfeiçoamento para atuar em locais de crime, avaliar as circunstâncias iniciais de homicídios, desenvolver o fluxo de investigação na busca da autoria e materialidade e também discutindo conceitos e técnicas.
Nos primeiros dias, as equipes do Rio Grande do Sul puderam ter uma ideia das diferenças e semelhanças entre Brasil e Estados Unidos. Embora as polícias dos dois países se igualem na busca por mais investimentos em tecnologia, lá o aporte do governo é superior, explicam os delegados. Um dos exemplos citados pelo delegado Cassiano Cabral, titular da 3ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Porto Alegre, é o uso de reconhecimento facial via computador, equivalente ao nosso retrato falado.
— A vítima ou testemunha vai descrevendo, e os criminosos já catalogados e que tenham as mesmas características vão aparecendo na tela — explicou o delegado, citando, também a numerosa quantidade de viaturas e armamentos disponíveis e a presença de câmeras em todos os veículos.
Mesmo com esses exemplos, o delegado se diz satisfeito com o trabalho que vem sendo realizado pela Divisão de Homicídios do Rio Grande do Sul.
— Em questão de técnica, a gente não deve nada para eles. Mas, de qualquer forma, a oportunidade que estamos tendo é muito produtiva — complementou.
A delegada Elisa Souza, da 6ª DHPP, destaca a participação da população norte-americana na elucidação dos crimes. Diferentemente do Rio Grande do Sul, onde as testemunhas sentem-se ameaçadas por uma espécie de “lei do silêncio” determinada por criminosos, nos EUA as denúncias são frequentes.
— A gente percebe uma participação mais ativa da população que vai até a polícia. Isso é um facilitador para a investigação — comentou.
O subchefe da Polícia Civil, delegado Leonel Carivali, aproveitou o curso para falar sobre a importância da capacitação profissional na produtividade dos policiais gaúchos.
— São oportunidades como esta que dão subsídios para que nossos servidores desenvolvam o trabalho qualificado que é apresentado no Rio Grande do Sul. Este aprendizado irá se integrar ao conhecimento dos policiais, fazendo parte da sua rotina diária — avaliou.
Para o diretor da Academia Civil Integrada de Segurança Pública, delegado Thiago Albeche, a oportunidade é única, em virtude da contribuição que o intercâmbio de conhecimento proporcionará às ações de Segurança Pública desenvolvidas no Estado.
— Mais do que transmitir conhecimento, eles também estão aqui para absorver as nossas experiências. Temos muitos problemas em comum, principalmente no que se refere ao combate ao tráfico de drogas, um dos principais motivadores do crime de homicídio doloso em qualquer lugar do mundo — salientou, citando o aporte tecnológico dos norte-americanos.
Com o conhecimento adquirido no curso, a Polícia Civil pretende buscar, por meio de projetos, melhorar a estrutura da corporação.
— A tecnologia deles, de forma geral, é mais apurada. Então, queremos utilizar esse manancial para adquirir equipamentos que sejam imprescindíveis — disse.
Para o diretor do Departamento de Homicídios de Porto Alegre, delegado Paulo Grillo, a oportunidade tem sido aproveitada pela sua equipe.
— É uma inciativa ótima. O nosso pessoal certamente vai trazer conhecimento importante de outra cultura para empregar. Todo curso que vem para qualificar é bem aproveitado, ainda mais um deste quilate — avaliou.
Conforme levantamento da Editoria de Segurança do Diário Gaúcho e Zero Hora, pelo menos 200 pessoas foram assassinadas na Região Metropolitana em janeiro deste ano. Em média, seis pessoas foram mortas diariamente. Foi o janeiro mais violento da região desde que o levantamento foi iniciado, em 2011.