Marco Antônio da Silva Teixeira luta pelo direito de passar por um procedimento, apontado como a única de chance de cura do câncer raro
Por: LUIZA GOULART Portal GAZ
Depois de ter o procedimento rejeitado duas vezes pelo Instituto de Previdência do Estado do Rio Grande do Sul (IPE-RS), o sargento da Brigada Militar de Rio Pardo Marco Antônio da Silva Teixeira teve a solicitação feita na Justiça negada. Teixeira tem um tipo de câncer raro. A única chance de cura é uma cirurgia, avaliada em R$ 230 mil. O indeferimento chegou até a família nesta quinta-feira, 26.
Nessa segunda-feira, 23, o policial foi internado no Hospital Santa Rita, no Complexo Santa Casa, em Porto Alegre. Mas, diferente do que é necessário, as medidas que serão tomadas durante a internação de Teixeira serão para conter a doença, já que o IPE segue firme na decisão de não custear o procedimento. Os médicos também cogitam fazer outra cirurgia, a debulking de peritônio, operação feita antes de estudos indicarem maiores chances de cura com o procedimento que foi negado.
Há dois meses, Marco chegou a ser internado para passar pela cirurgia. Dois dias antes da data marcada, ele teve a operação negada pelo instituto. A partir da notícia, a única alternativa que restou para a família foi entrar com um processo na Justiça. Agora, com a negativa, os próximos passos ainda serão definidos. Conforme a esposa de Marco, a professora Cláudia Corrêa Siqueira, serão feitos recursos, agravos e todas as opções que puderem ajudar.
“A equipe médica do Marco está reunida para tomada de decisões e novamente produzir provas de que a cirurgia é necessária e ele está em plenas condições de enfrentá-la”, escreveu a professora em uma publicação no Facebook. “A revolta é imensa, se eu fosse escrever tudo que já vivemos e fizemos nesses 5 meses em busca de tratamento para uma doença tão rara, tenham certeza, daria um livro.”
O caso de Marco ganhou atenção nas redes sociais após a criação de uma campanha para fazer a cirurgia. O IPE iria cobrir parte dos custos. A anestesia e outros materiais necessários seriam pagos pela família. Uma máquina especial para a quimioterapia e a medicação, que é importada, também teria que ser adquirida. O custo é de R$ 50 mil.
Conforme Cláudia, os registros demonstram que com o debulking de peritônio, a doença pode retornar em menos de um ano. “Com a citorredutora, em mais de 300 casos, alcançaram 65 a 88% de cura, variando conforme a idade e condições clínicas do paciente”, comentou. O procedimento que pode ser sugerido pelos médicos é reconhecido pelo IPE, diferente da cirurgia apontada como a chance de cura para a doença.
Justificativa
As duas negativas do IPE partiram do princípio de que o procedimento não consta na Tabela de Honorários Profissionais (THP). Os materiais necessários também não constam na Tabela de Órteses, Próteses e Materiais Especiais (Topmed). As alegações para o indeferimento através pela Justiça foi o alto custo orçado pelo Hospital e questionamentos sobre as condições físicas do paciente frente à cirurgia. “Mesmo com todos laudos, exames e explicações que anexamos ao processo”, explicou Cláudia.
A cirurgia
O procedimento é apontado como a única chance do rio-pardense. A peritonioscopia com quimioterapia intradérmica é complexa e feita somente em dois hospitais no Rio Grande do Sul. Todo o tratamento pode durar até 24 horas com uma equipe que conta com quatro cirurgiões oncologistas, dois anestesistas, dois oncologistas clínicos, fisioterapeuta e nutricionista, além de um grande grupo de enfermagem preparado. Durante a operação, a cavidade abdominal precisa ser aberta e limpa, o tumor removido e ressecado.