Deixamos de lado a polarização nacional das eleições deste ano para falar da representação policial a nível estadual e federal. Num movimento histórico em que as corporações de policiais militares elegeram o maior contingente de toda a história recente, tivemos 73 policiais eleitos, 14 para a Câmara dos Deputados, 56 Assembleias Legislativas dos Estados e 4 Senadores Policiais sendo um Policial Militar, mostrando que as corporações estão tomando consciência que a defesa de seus direitos depende diretamente da representação política.
O Rio Grande do Sul ainda não acordou plenamente para essa necessidade, talvez entre todas as PMs do Brasil, foi a que mais perdeu direitos nos últimos anos, em contrapartida a que menos se mobilizou na busca de sua representação. Mesmo reconhecendo que os 71.333 votos que os 7 mais votados receberam ( Cmt Nádia 29.550, Santellano 12.305, Cel Quadros 11.676, Pardal 5.515, Sgt Alfredo 4.965, Cmt Freitas 4.577 e Sgt Terezinha 2.745) é um número expressivo, que poderia eleger tanto um deputado estadual como federal. Mas não houve organização, falhou primeiramente os postulantes ao cargo, que colocaram o projeto pessoal à frente da união da classe, pulverizando votos; em segundo a omissão institucional das entidades de classe, onde seus estatutos que mais parecem regulamentos militares, vedam a manifestação política e o direcionamento de votos, na contramão das outras categorias que já superaram isso. Por fim falhou a corporação, que não toma consciência dos riscos que corre em seus direitos, sem ter representação política.
A busca da representação política da Brigada Militar se assemelha na mitologia grega, ao castigo Sísifo, que foi condenado por toda a eternidade, a rolar uma grande pedra de mármore com suas mãos até o cume de uma montanha, sendo que toda vez que ele estava quase alcançando o topo, a pedra rolava novamente montanha abaixo até o ponto de partida por meio de uma força irresistível, invalidando completamente o duro esforço despendido. Por esse motivo, a expressão “trabalho de Sísifo”, em contextos modernos, é empregada para denotar qualquer tarefa que envolva esforços longos, repetitivos e inevitavelmente fadados ao fracasso.
Precisamos amolar a pedra da nossa desunião, para que o castigo possa se extinguir e assim ocuparmos o nosso lugar de protagonismo de outrora.
Em 1963 em parte de seu discurso histórico, Martin Luther King falou “I have a dream” ( Eu tenho um sonho). Para que seu sonho da igualdade civil americana fosse conquistado, muitas vidas foram perdidas. Não podemos comparar o sonho da nossa representação política com a grandeza do sonho de igualdade de Luther King, mas esperamos que a conquista deste sonho, não venha depois de termos perdido tudo aquilo que construímos até agora.