Fundo Constitucional para o RS, Bancada Gaúcha UNIDA NA OMISSÃO


A recente criação de uma comissão especial na Câmara dos Deputados para debater a implementação de um fundo constitucional para as regiões Sul e Sudeste escancarou uma verdade incômoda: quando se trata de defender os interesses reais da população gaúcha, direita e esquerda se mostram igualmente ausentes. O editorial do jornal Zero Hora, publicado em 27 de outubro, trouxe à tona uma crítica contundente que deveria envergonhar toda a bancada federal do Rio Grande do Sul: nenhum dos 31 deputados compareceu ao ato que marcou o início dos trabalhos do grupo.


A Omissão Bipartidária:
A comissão, anunciada pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), em 22 de outubro, tem como objetivo analisar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 27/23, que visa garantir às regiões Sul e Sudeste um tratamento isonômico ao que já é concedido ao Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Trata-se de uma pauta estratégica, capaz de injetar bilhões de reais em financiamentos subsidiados para reconstruir o estado após as enchentes devastadoras, fomentar a indústria e impulsionar setores emergentes como as energias renováveis.
Mas onde estavam os representantes do povo gaúcho? Ausentes. Todos eles. Não importa se vestem vermelho ou verde-amarelo, se defendem o livre mercado ou o Estado forte, se são da situação ou da oposição.
Na hora de comparecer a um evento crucial para o futuro econômico do Rio Grande do Sul, a bancada gaúcha simplesmente não apareceu.
“Intriga e decepciona a informação de que nenhum parlamentar gaúcho participou do ato de anúncio da criação da comissão especial”, destaca o editorial de

Zero Hora [1].
O coordenador da bancada, deputado Marcelo Moraes (PL), embora ciente do evento, não compareceu.
Outros parlamentares alegaram desconhecer a reunião. A desculpa é tão frágil quanto constrangedora.
Enquanto isso, deputados de São Paulo e do Paraná marcaram presença, garantindo que seus estados tenham voz ativa na discussão.
O Rio Grande do Sul, mais uma vez, ficou de fora.


Ideologia Não Paga Conta, Não Reconstrói Pontes:
A classe política brasileira, e a gaúcha não é exceção, está mais preocupada em alimentar guerras ideológicas estéreis, defender corruptos de estimação e acumular capital político nas redes sociais do que em trabalhar por resultados concretos.
Enquanto deputados de direita e esquerda trocam farpas em plenário e disputam narrativas no Twitter, o Rio Grande do Sul segue sem acesso a recursos fundamentais para seu desenvolvimento.
A Constituição de 1988 criou os fundos de financiamento para as regiões Norte (FNO), Nordeste (FNE) e Centro-Oeste (FCO). Desde então, essas regiões recebem bilhões de reais em financiamentos com juros subsidiados, enquanto o Sul e o Sudeste, apesar de contribuírem com a maior parte da arrecadação federal, ficam de mãos vazias.
Os números são eloquentes: pelo pacto federativo, o Rio Grande do Sul recebe de volta apenas R$ 19 de cada R$ 100 arrecadados. Enquanto isso, estados do Norte e Nordeste recebem, em média, R$ 300 para cada R$ 100 enviados a Brasília [2].

Essa distorção não é novidade:
O que é inaceitável é que, diante de uma oportunidade histórica de corrigir essa injustiça, a bancada gaúcha simplesmente não se mobilize. Não há desculpa que justifique essa omissão.
Não há agenda mais importante do que garantir recursos para reconstruir um estado devastado por enchentes e estiagens.

Custo da Desunião:
A ausência da bancada gaúcha na criação da comissão especial não é um episódio isolado.
É sintoma de um problema crônico: a falta de unidade e de compromisso com as causas realmente importantes para a população.
Enquanto outros estados articulam suas bancadas em torno de projetos estratégicos, o Rio Grande do Sul assiste, impotente, a seus representantes se digladiarem em disputas partidárias e ideológicas que não colocam comida na mesa de ninguém.
A Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS) já se manifestou publicamente, saudando a criação da comissão e cobrando a “mobilização integral e irrestrita da bancada gaúcha” para a aprovação da proposta [2]. A sociedade civil organizada, as entidades representativas de trabalhadores e servidores públicos, como a ASSTBM, e a população em geral precisam cobrar, com veemência, que seus representantes deixem de lado as picuinhas ideológicas e trabalhem pelo que realmente importa.

Um Recado à Classe Política:
Aos deputados federais do Rio Grande do Sul, de todos os partidos e matizes ideológicas, fica o recado: a população está cansada de discursos vazios, de brigas de compadrio e de defesa de corruptos de estimação.
O que o povo gaúcho quer e precisa são resultados. Quer ver seus representantes lutando por recursos para reconstruir estradas, pontes e casas.
Quer ver investimentos em saúde, educação e segurança pública. Quer ver o Rio Grande do Sul tratado com a dignidade e o respeito que merece.
A criação do fundo constitucional para o Sul é uma oportunidade histórica. Se a bancada gaúcha não for capaz de se unir em torno dessa causa, deixando de lado diferenças partidárias e ideológicas, estará cometendo um desserviço imperdoável contra o povo que a elegeu.
E a história cobrará essa omissão .O futuro do Rio Grande do Sul não pode ser refém de politicagens.
É hora de a classe política mostrar que está à altura da responsabilidade que lhe foi confiada. Ou sair do caminho para quem realmente quer trabalhar.

A Direção.
ASSTBM/RS

Referências[1] Editorial. (2025, 27 de outubro). Fundo constitucional para o Sul avança. Zero Hora.[2] Schuch, M. (2025, 24 de outubro). Câmara dos Deputados anuncia comissão para discutir fundo constitucional para as regiões Sul e Sudeste; entenda. GZH. https://gauchazh.clicrbs.com.br/colunistas/matheus-schuch/noticia/2025/10/camara-dos-deputados-anuncia-comissao-para-discutir-fundo-constitucional-para-as-regioes-sul-e-sudeste-entenda-cmh50g61800ur01fjysbcjq72.html

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