Segurança e saúde sofrem com escassez de verbas do governo
COM REPASSE LIMITADO devido a decreto do governador José Ivo Sartori, que prevê a retenção de despesas e a consequente suspensão do pagamento de dívidas, serviços públicos são prejudicados
Por força do decreto do governador José Ivo Sartori para cortar despesas e suspender por 180 dias o pagamento de dívidas herdadas, alguns serviços públicos na área da segurança e da saúde começam a ser prejudicados.
– A nossa torcida é para que não feche o posto, é importante para a nossa segurança – diz a comerciante Ana Lucia Palhares, 45 anos.
EXAMES AMEAÇADOS EM MUNICÍPIOS DO INTERIOR
Na área da saúde, há prejuízos em cidades do Interior, para as quais o governo estadual deve cerca de R$ 208 milhões. São dívidas deixadas pelo ex-governador Tarso Genro. Agora, o decreto de Sartori suspende por 180 dias a quitação desses débitos, o que começa a prejudicar serviços.
Em Fontoura Xavier, no Norte, se acumulam R$ 200 mil em repasses atrasados, sendo R$ 12 mil da farmácia municipal, que está com escassez de medicamentos.
Em Três Cachoeiras, Morrinhos do Sul e Torres – todos municípios do Litoral Norte –, o Laboratório São Luiz, da rede privada, é contratado pelo Estado para fazer exames de sangue, urina e fezes, entre outros, em pacientes encaminhados pela prefeitura. Os pagamentos estão atrasados há quatro meses, e o passivo soma R$ 40 mil.
CARLOS ROLLSING
EFEITOS DA DECISÃO |
Como reagem setores e localidades atingidos pela ação governamental |
-Brigada Militar: no Território de Paz do Morro Santa Tereza, em Porto Alegre, a diminuição de horas extras prejudicou o efetivo. Até o final de dezembro, o local contava com 10 brigadianos, três viaturas e duas motocicletas. Entre 1º e 20 de janeiro, a redução foi para dois homens e uma viatura. Ontem, estavam na região sete homens, uma viatura e duas motocicletas. |
-Bombeiros: coordenador-geral da Associação de Bombeiros do Rio Grande do Sul, Ubirajara Ramos afirma que 400 soldados esperam apenas o curso de formação antes de assumirem função na corporação, historicamente afetada por falta de efetivo. Com o decreto, contudo, as nomeações de servidores estão fechadas. Com a redução de horas extras, uma unidade de Bombeiros no bairro Mathias Velho, em Canoas, na Região Metropolitana, chegou a ficar fechada por um dia, mas um remanejamento de pessoal permitiu a reabertura do local. |
-Morrinhos do Sul: o prefeito Leandro Borges Evaldt foi avisado pela direção do Laboratório São Luiz de que os exames de sangue, urina e fezes, entre outros, terão de ser suspensos ao final de janeiro caso não haja algum pagamento. Situado em Três Cachoeiras, o laboratório atende pacientes de Torres, todos encaminhados pelo SUS. A dívida do Estado com o estabelecimento é de R$ 40 mil, com acúmulo de atraso entre os meses de outubro e janeiro. |
-IPE: como o decreto suspendeu o pagamento de dívidas, surgiram riscos de cancelamento de consultas pelo IPE. Os honorários dos médicos, de dezembro, estavam em aberto. Na última segunda, a Secretaria da Fazenda liberou R$ 87,6 milhões para honrar dívidas do período entre 1º e 20 de dezembro de 2014. A diretoria do IPE diz que, agora, a situação está normalizada. No dia 26 de janeiro, vencem os pagamentos dos procedimentos dos últimos dias de dezembro. |
ZERO HORA