Policiais preparam marcha contra desmonte na Segurança Pública

Marco Weissheimer

Policiais querem chamar a atenção da população para as consequências do desmonte no setor e exigir a nomeação dos aprovados em concurso público homologado em 2014. (Foto: Guilherme Santos/Sul21)
Policiais querem chamar a atenção da população para as consequências do desmonte no setor e exigir a nomeação dos aprovados em concurso público homologado em 2014. (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

O Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores de Polícia do Rio Grande do Sul (Ugeirm Sindicato) iniciou nesta segunda-feira (15) uma caravana de mobilização pelo Estado com o objetivo de mobilizar a categoria para a Marcha da Segurança Pública, marcada para o dia 7 de julho, em Porto Alegre. A marcha, que reunirá servidores da Polícia Civil, Brigada Militar, Susepe e Instituto Geral de Perícias (IGP), quer chamar a atenção da população para a violência e o desmonte da segurança pública, e cobrar do governo estadual soluções para enfrentar esses problemas. A direção do sindicato pretende visitar nas próximas semanas o maior número possível de cidades para mobilizar os policiais civis para essa manifestação. Essa caravana iniciou nesta segunda, em Rio Pardo e São Jerônimo e prossegue nesta terça-feira, em Santa Cruz do Sul e Cachoeira do Sul.

Isaac Ortiz, presidente da Ugeirm, reiterou que o sindicato está preocupado com a possibilidade de o governo José Ivo Sartori (PMDB) tentar modificar o cronograma de pagamentos das parcelas do subsídio concedido à categoria no governo passado, criando um novo parcelamento e jogando o pagamento para os anos de 2019, 2020 e 2021, como já foi cogitado nos meios de comunicação. “Nós não vamos aceitar isso sob hipótese alguma”, disse Ortiz. Os policiais civis já aprovaram um indicativo de greve e o sindicato se mantém em estado de assembleia permanente.

O sindicato dos policiais civis, juntamente com a Associação dos Cabos e Soldados da Brigada Militar, apresentou também uma emenda ao Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias, que o Executivo encaminhou à Assembleia Legislativa, visando garantir dotação financeira para a nomeação dos policiais civis e militares aprovados em concurso público homologado em 2014.

Ao todo, são 650 aprovados no concurso da Polícia Civil, cujas nomeações foram congeladas pelo decreto 52.230/2015 do governo Sartori. A Brigada Militar e o Corpo de Bombeiros estão em situação análoga. As duas mil pessoas aprovadas em concurso público para integrar a Brigada e os Bombeiros também não foram chamadas para os cursos preparatórios. Os últimos concursos públicos para essas corporações aprovaram 1,6 mil pessoas para o policiamento ostensivo e 400 para os Bombeiros.

Segundo a Ugeirm, o atraso na nomeação dos concursados, somado ao corte de horas extras e diárias está prejudicando o trabalho dos policiais e colocando em risco a segurança da população. Em 1980, a Polícia Civil contava com um quadro de 6,5 mil policiais e o Rio Grande do Sul tinha 7,5 milhões de habitantes. Hoje, a Polícia possui 5.208 servidores na ativa para atender cerca de 11 milhões de pessoas. São 1.292 policiais civis a menos que há 30 anos. Além disso, 1.300 policiais civis estão aptos a se aposentarem em 2015.

No dia 28 de abril, os policiais civis promoveram um dia de paralisação contra os cortes na área da segurança pública. A interrupção dos serviços por um dia, segundo a categoria, foi um primeiro alerta ao governo e à sociedade sobre a gravidade da situação frente aos cortes de horas extras, promoções, efetivo e a instabilidade no pagamento dos salários. Além disso, os servidores anunciaram uma forte mobilização contra a ameaça de não cumprimento dos índices salariais aprovados no governo anterior, que elevam progressivamente os salários na segurança pública até 2018.

Audiência pública debate segurança

A situação da segurança no Estado será tema de uma audiência pública na próxima quinta-feira (18), na Assembleia Legislativa. Promovida pela Comissão de Segurança e Serviços Públicos, presidida pelo deputado Nelsinho Metalúrgico (PT), a audiência debaterá a atual política de segurança e as estratégias para conter o avanço dos índices de violência no Rio Grande do Sul. Ao final da reunião, entidades de servidores da área da segurança pretendem entregar uma carta de reivindicações ao governo do Estado.

Sul21

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