Nos 11 maiores Estados do Brasil, apenas RS e PE tiveram avanço no índice de homicídios. Dificuldades financeiras para reforçar polícias e combater crimes são justificativas dos governos para crescimento da criminalidade
Se quiser honrar os compromissos assumidos em entrevistas concedidas quinta-feira passada, o governador José Ivo Sartori terá de superar uma série de entraves. Conhecido pela aversão a promessas, Sartori revelou três prioridades de sua gestão: concluir a duplicação da ERS-118 até o fim do mandato, lançar ainda este ano os primeiros editais para a concessão de estradas e apresentar, em fevereiro, projeto de lei para ampliar o número de PMs nas ruas.
Nenhuma das iniciativas depende exclusivamente da vontade do chefe do Poder Executivo. O caso mais emblemático é o da ERS-118, na Região Metropolitana. Desde 2006, quando as máquinas iniciaram o trabalho — suspenso há mais de ano —, sucessivos governos prometeram a conclusão. Nenhum cumpriu.
Com o agravamento da crise, o sonho parece ainda mais distante. Sartori inicia o segundo ano de gestão sem nem sequer ter um plano definido em relação à rodovia (veja quadro abaixo). Segundo o secretário dos Transportes, Pedro Westphalen, “duas ou três propostas estão sendo finalizadas”, e as obras serão concluídas a tempo. Mas, na prática, não há garantias.
Quanto ao plano de concessões, Sartori depende da Assembleia para levar a iniciativa adiante. Se conseguir a aprovação e lançar os editais no prazo estipulado, ainda terá desafio maior pela frente: torcer para que apareçam interessados e fechar bons negócios para o Estado.
Como o tema ganhou status de tabu, o líder do governo no parlamento, Alexandre Postal (PMDB), sabe que terá trabalho para convencer os aliados a darem o primeiro passo:
— Não vai ser uma coisa tranquila, mas vamos fazer o possível pela aprovação.
No caso dos PMs cedidos que atuam em áreas administrativas e poderiam estar policiando as ruas, também há dúvidas. A proposta não está clara e dependerá de aval do Legislativo. Há incertezas quanto a sua efetividade e restrições de entidades como a Associação de Cabos e Soldados (Abamf) e a Associação dos Oficiais da Brigada Militar (Asof).
— Nem de longe isso vai solucionar a defasagem de efetivo. É mais um paliativo para iludir a população — afirma o presidente da Asof, coronel Marcelo Frota.
O comandante-geral da BM, coronel Alfeu Freitas defende a mudança:
— Diante das atuais circunstâncias, qualquer reforço é bem-vindo.