No ano passado, 2.247 civis e militares deixaram as ruas no Estado
Além da histórica falta de efetivo e docongelamento de nomeações de servidores, o crescimento de aposentadorias de policiais é motivo de preocupação para as autoridades de Segurança do Estado. Em 2015, 2.247 civis e militares deixaram as ruas, segundo dados oficiais. O número é 48% maior em relação a 2014, quando o total foi de 1.518.
A comparação da redução de efetivo no ano passado com 2013 expõe uma diferença ainda mais expressiva: 120% de aumento.
Embora admita preocupação com o encolhimento da tropa, o comando da Brigada Militar (BM) considera que os pedidos de aposentadoria são naturais, e ocorrem à medida em que os policiais alcançam o tempo mínimo de trabalho para o ingresso na reserva – 30 anos para homens e 25 para mulheres.
Já a Associação de Praças da BM (Abamf) acredita que a situação é reflexo da falta de valorização dos servidores.
“O brigadiano estava ficando mais tempo, mas em 2015, com o terrorismo que foi feito no governo Sartori de não promover os servidores e de não fazer os cursos internos, aumentaram as aposentadorias”, justifica o presidente da Abamf, Leonel Lucas.
A posição é rebatida pelo comando da corporação. “Existem vários programas de incentivo à permanência, que é o corpo voluntário de militares inativos. Eles trabalham em uma área mais light, como administrativa e patrulha escolar. Então nós temos vários incentivos”, justifica o subcomandante da BM, coronel Paulo Stocker
Somente na BM, foram registradas 1.818 aposentadorias no último ano, incluindo policiais e bombeiros. O montante representa quase 10% da tropa, que hoje é formada por aproximadamente 20 mil pessoas.
O descontentamento com o trabalho também é citado por representantes da Polícia Civil, que perdeu 429 servidores em 2015. A saída foi 70% maior que no ano anterior, quando foram 254. O efetivo total é de aproximadamente 5,5 mil policiais.
“É uma desmotivação muito grande exercer a função de policial, todo o dia a gente vê que vai atrasar teu salário, não tem promoção, hora-extra e não tem gente. As pessoas estão sobrecarregadas”, reclama o presidente da Ugeirm Sindicato, Isaac Ortiz.
O efetivo policial é o mesmo da década de 1980, enquanto a população gaúcha cresceu 42% de lá para cá (dados do IBGE).
Desde 2014, 2,5 mil brigadianos e 650 policiais civis aprovados no último concurso aguardam nomeação pelo governo do Estado. Eles só serão chamados neste ano se o Piratini abrir uma exceção no plano de renovar o decreto de contingenciamento de despesas. A decisão deve ser anunciada na semana que vem.