De Santa Maria foram cedidos 70 PMs do Batalhão de Operações Especiais.
Prefeitos de cidades pequenas foram até Assembleia Legislativa.
A transferência temporária de 400 policiais militares do interior do Rio Grande do Sul para a Região Metropolitana de Porto Alegre e Litoral Norte causou preocupação entre moradores e prefeitos das cidades de origem dos PMs. O reforço partiu de Santa Maria, na Região Central; Passo Fundo, no Norte; Santa Cruz do Sul, no Vale do Rio Pardo; e Bagé, na Campanha.
Só de Santa Maria foram cedidos 70 policiais do Batalhão de Operações Especiais (BOE), que saíram da cidade na manhã de segunda-feira (13) e já estão na capital gaúcha. O número corresponde à metade do efetivo do BOE de Santa Maria.
Devido a situação, prefeitos de cidades do interior foram até a Assembleia Legislativa pedir ajuda dos deputados e cobrar mais policiais nas ruas.
O prefeito de Miraguaí, Ivonir Boton, observa que a situação é “bastante tensa” no município. Em fevereiro, dois bancos foram assaltados ao mesmo tempo e os assaltantes chegaram a fazer um escudo humano com moradores e clientes das agências.
“A população tem medo de ir aos bancos, de ir ao comércio porque a qualquer momento pode acontecer um assalto. Do jeito que está nossas comunidades no interior não aguentam mais”, observa Boton.
O prefeito de Fontoura Xavier, José Flávio Godoi da Rosa, reclama do baixo efetivo para conter assaltantes. Na semana passada, um grupo armado atacou duas agências bancárias. Na fuga, os assaltantes também fizeram um cordão humano.
“Para nós que passamos por essa situação de assalto a banco, que a população foi feita refém, é uma cena de faroeste. Nós estamos aqui hoje pedindo que temos que ter policial civil e policial militar”, reforça o prefeito de Fontoura Xavier.
Em Porto Alegre, os PMs deslocados do interior vão fazer parte da Operação Avante, com foco no combate aos homicídios. Os policiais vão ficar em quarteis e órgãos públicos e, cada um, vai receber diária de R$ 151. Os batalhões do interior também cederam viaturas.
BM garante que não haverá prejuízo para população
Em Santa Maria, o Comandante Regional da BM reforçou que a transferência de PMs não vai haver prejuízo para o município porque foram liberadas horas extras para os policiais que permanecem aqui. O comandante disse também que o BOE é um batalhão que serve ao estado e não pertence só à Santa Maria, e está localizado na cidade por uma questão estratégica.
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) afirma que foram autorizadas horas extras para PMs que ficaram no interior e, por isso, o policiamento não ficará comprometido.
O subcomandante-geral da Brigada Militar, Mário Ikeda, explica que podem ocorrer remanejamentos. “Não quer dizer que esses locais que nós retiramos policiais, que eventualmente tendo algum acontecimento, alguma ocorrência policial, que nós não possamos remanejar esses policiais para esses locais, dando o atendimento específico nessas ocorrências.”
O secretário de Segurança Pública, Cezar Schirmer, estava na audiência pública na Assembleia Legislativa mas não prometeu reforço. Disse que o governo está trabalhando em uma nova estratégia: integração de vários órgãos de segurança para enfrentar a criminalidade.
A experiência deve começar em 15 dias, primeiro com os 21 municípios que registraram o maior número de crimes. Em Caxias do Sul, o secretário anunciou que nos próximos dias o Exército vai atuar nas ruas junto com a Brigada Militar.
“O Exército pode nos ajudar muito porque, junto com a Brigada, é mais um contingente que vai estar na rua, com a farda, com a arma, com barreiras, enfim, agindo em favor da segurança pública.”
Famurs critica retirada do PMs do interior para reforçar a segurança em Porto Alegre
Entidade diz que medida não resolverá problemas na capital e prejudicará os municípios do interior
A Federação dos Municípios do Rio Grande do Sul emitiu uma nota criticando o governo gaúcho por conta da decisão de retirar agentes da Brigada Militar do interior do Estado para reforçar o policiamento em Porto Alegre. De acordo levantamento feito pela entidade, 60% das cidades do Rio Grande do Sul têm menos de dois PMs atuando por turno.
Conforme a instituição, a medida do governo não resolverá os problemas de violência na Capital e Região Metropolitana e prejudicará as cidades do interior. Ontem, o Executivo confirmou o início da chegada de 400 agentes da PM oriundos do interior do Rio Grande do Sul a Porto Alegre.
Segundo a nota da Famurs, cerca de 100 PMs estão sendo retirados de Passo Fundo, o que prejudica as atividades da corporação na região. O presidente da Associação dos Municípios do Planalto (Ampla) e prefeito de Ciríaco, Arlindo Lopes, frisou que no dia 23 haverá uma reunião com a Casa Civil do RS para solicitar aumento de efetivo.
“Nós precisávamos que viessem mais 100 policiais para a nossa região, ao invés de retirarem”, diz Lopes, frisando que a insatisfação é de todos os prefeitos da região.
O vice-presidente da Famurs, Marcelo Schreinert, lembrou ainda que as cidades menos populosas estão sofrendo com ataques a agências bancárias, e estão sem efetivo.