Não há confirmações de aumento dos crimes, mas oficial estima que a própria divulgação dos protestos possa ter estimulado as quadrilhas
Depois de três assaltos em sequência no bairro Menino Deus e proximidades, na noite passada, e uma quarta ocorrência em um pub do bairro Moinhos de Vento, no início da madrugada, a Brigada Militar reconhece que a redução do policiamento nos últimos dias, em razão do aquartelamento de PMs, pode ter relação com os casos, que fazem aumentar a sensação de insegurança em Porto Alegre. O responsável pelo Comando de Policiamento da Capital, tenente-coronel Mário Ikeda, admite que as equipes eram reduzidas, ontem à noite, na área do 9º BPM, onde fica o supermercado Nacional atacado na avenida Aureliano de Figueiredo Pinto. Já no Menino Deus, o oficial ressaltou que o policiamento já havia sido reforçado, em razão do conflito no Morro Santa Teresa. Ele reconhece, porém, que os policiais não conseguiram impedir os roubos e não encontraram nenhum dos criminosos até o momento.
O comandante garante, ainda assim, que não há mais registros de manifestações de entidades de brigadianos na Capital que afetem o policiamento, desde a madrugada. ”Não temos mais manifestantes em frente aos quarteis da Brigada. O policiamento em Porto Alegre voltou ao normal. Ontem, tínhamos viaturas para atender essas ocorrências, mas houve uma diminuição. Esperamos que, com a situação agora voltando ao normal, esse tipo de ocorrência não se repita. Até porque estamos com o efetivo, principalmente motorizado, patrulhando a cidade”, assegurou.
Não há dados que confirmem aumento do número de crimes nos últimos dias. O comandante estima que a própria divulgação dos bloqueios de batalhões possa ter levado assaltantes a agir em áreas centrais e no comércio, ganhando maior repercussão.
“Não sei se houve maior registro porque ainda não temos os dados. Mas tivemos ocorrências de maior divulgação ontem à noite. Acredito que possa ter alguma ligação, pela divulgação de que a Brigada Militar diminuiu seu efetivo na rua, mas isso a gente não pode afirmar porque ainda não tem os dados estatísticos. Pode ser uma percepção (de insegurança) ou alguma ocorrência de maior divulgação ou maior periculosidade que acaba impactando a sociedade”, ponderou.
Cresce temor no comércio
O temor pela segurança já prejudica o comércio, especialmente na área central de Porto Alegre. De acordo com o presidente do Sindilojas, Paulo Kruse, vários estabelecimentos estão investindo em segurança privada e fechando as lojas mais cedo. Na próxima semana, a entidade deve divulgar dados sobre o impacto das paralisações dos servidores públicos no comércio da Capital.
As entidades de policiais militares, civis e agentes penitenciários devem se reunir, na segunda-feira, para definir como serão realizadas as próximas manifestações contra o parcelamento de salários pelo governo. Não há informações sobre protestos durante o feriadão.
Insegurança nas ruas provoca perdas no comércio, lamenta Sindilojas
Comerciantes estão fechando os estabelecimentos mais cedo
“Lamentavelmente, estamos sentindo o impacto dessa incerteza na segurança pública. Estamos fechando lojas do Centro Histórico e de bairros mais cedo. A insegurança causada na população faz com que muita gente fique resguardada em suas casas. Os bares e restaurantes também estão sentindo bastante”, disse.
O presidente do Sindilojas afirmou que a paralisação dos serviços prejudica o comércio, e consequentemente, o Estado, já que a arrecadação cai. Na próxima semana, a entidade deve se reunir com outras instituições para discutir medidas com o governo do Estado para fugir da crise financeira.
Na quinta, um arrastão foi registrado durante à noite nos arredores da Voluntários da Pátria. Na sexta, boatos de novos crimes levaram vários estabelecimentos a fechar as portas.